
O Ministério da Saúde recebeu nesta sexta-feira (11) o primeiro lote de insulinas produzidas por meio do programa Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), parte da Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde. Com a iniciativa, o Brasil volta a fabricar o medicamento de forma 100% nacional, por meio de um acordo de transferência de tecnologia com a farmacêutica indiana Wockhardt, em parceria com o laboratório público Fundação Ezequiel Dias (Funed) e a empresa brasileira Biomm.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, participou da entrega simbólica do lote na fábrica da Biomm, em Nova Lima (MG). A remessa inclui 207.385 unidades do medicamento, sendo 67.317 frascos de insulina regular e 140.068 de insulina NPH, que serão destinadas ao abastecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Depois de mais de duas décadas sem produzir insulina humana, o Brasil retoma essa fabricação para ser entregue ao SUS e contribuir com a saúde da população”, afirmou Padilha. Ele ressaltou ainda a importância da cooperação internacional para viabilizar o projeto: “É o Brics acontecendo na realidade, mudando a vida da população brasileira e gerando emprego, renda e tecnologia aqui em Minas Gerais”, disse, em referência ao bloco econômico que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
De acordo com o Ministério da Saúde, após a conclusão do processo de transferência de tecnologia, o país será capaz de produzir 50% da demanda de insulina NPH e regular consumida no SUS. A iniciativa tem investimento previsto de R$ 142 milhões na aquisição da tecnologia, com impacto direto para cerca de 350 mil pessoas com diabetes no país.
O contrato firmado prevê a entrega de 8,01 milhões de unidades de insulina — entre frascos e canetas — à rede pública entre 2025 e 2026. Com o início da produção nacional, o governo busca garantir segurança no abastecimento, mesmo em cenários de crise como o enfrentado durante a pandemia de Covid-19.
“Uma iniciativa como essa traz segurança aos pacientes de que, independentemente de qualquer crise — como a que vivemos durante a pandemia —, o país tem soberania na produção desse medicamento tão importante. Cerca de 10% da população brasileira tem diabetes, e parte dessas pessoas precisa usar insulina. Isso garante tranquilidade, segurança e estabilidade tanto para o SUS quanto para os cidadãos que dependem do medicamento”, reforçou o ministro Padilha.
O processo de transferência tecnológica será realizado em etapas, conforme as diretrizes das PDPs, que preveem cooperação entre instituições públicas e empresas privadas para o desenvolvimento local do insumo farmacêutico ativo (IFA) e do produto acabado. As etapas incluem embalagem, controle de qualidade dos insumos, produção do IFA e do produto final no Brasil, assegurando o fornecimento autônomo para o SUS.
Tratamento para diabetes no SUS
O Sistema Único de Saúde oferece assistência integral às pessoas com diabetes, desde o diagnóstico até o tratamento adequado, conforme o quadro clínico de cada paciente. A Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada para o cuidado, garantindo acompanhamento contínuo por equipes multiprofissionais. Atualmente, o SUS disponibiliza quatro tipos de insulinas — insulinas humanas NPH e regular, além de insulinas análogas de ação rápida e prolongada —, além de medicamentos orais e injetáveis para diabetes mellitus.
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