As informações dão conta de que oito pessoas, que usavam capuzes, entraram na base da Estação Ecológica de Maracá, em Roraima. Ao fazerem reféns os três brigadistas que estavam no local, os criminosos levaram todos os materiais apreendidos durante uma operação de fiscalização realizada na região há duas semanas, dentro da unidade de conservação. Foram roubados ainda cinco quadriciclos e oito motores de popa.
Relatos obtidos pela reportagem dão conta de que os criminosos estavam fortemente armados, inclusive com fuzis, e que estavam atrás de agentes de fiscalização do ICMBio, que são servidores efetivos. Já os brigadistas costumam ser pessoal local, com contrato temporário.
Os brigadistas foram obrigados a levar os materiais até a beira do rio, onde foram liberados. A partir dali, os garimpeiros seguiram pelo Rio Uraricoera, que dá acesso à terra indígena Yanomami. Há semanas a região enfrenta uma série de episódios de violência. Garimpeiros armados já atiraram contra os povos indígenas e trocaram tiros com agentes policiais.
A reportagem questionou o ICMBio e o Ministério do Meio Ambiente sobre as medidas que teriam tomado a respeito do ocorrido. Não houve retorno até a publicação desta matéria.
Na semana passada, em sua “live” semanal, o presidente Jair Bolsonaro criticou o trabalho do ICMBio. O presidente afirmou ter encontrado índios no Amazonas que “detestam” o ICMBio, além de outros que gostam. “Fico do lado daquele pessoal que não é muito chegado em ICMBio, para deixar bem claro”, disse ele, que exibia adereços indígenas no braço. “Nós devemos redirecionar esse instituto para aquilo que os índios querem de verdade. A gente sente na região que algumas comunidades sofrem uma influência, uma verdadeira massificação por parte de ‘brancos’, vamos assim dizer, e por parte de instituições”.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso determinou que a União adote ações imediatas para proteção da vida, saúde e segurança das populações indígenas que habitam as terras indígenas Yanomami, em Roraima. A determinação também foi feita em relação à proteção do povo Munduruku, no Pará, que também foi alvo de uma série de atos violentos nos últimos dias, tendo suas casas queimadas por criminosos.
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