Dirceu Antonio Ruaro*
É verdade que estamos vivendo uma época de fluidez nas relações interpessoais e nos relacionamentos sociais.
Mesmo entre familiares e amigos as relações de amizade não são mais duradouras e não tampouco “seguras” como referencias para nossos sentimentos e ações.
As ideias de “amigos para sempre” já não prosperam mais e são facilmente substituídas por novos “melhores amigos” que as oportunidades apresentam.
É certo que muitas famílias ainda tentam ensinar aos filhos, desde pequenos, valores como a amizade, o respeito, a ética, a lealdade, entre tantos outros.
É certo, também, que muitos pais se preocupam em ensinar os filhos, desde pequenos a não julgar, a não condenar, a não fazer “brincadeiras” de mau gosto com os outros.
No entanto, não temos controle sobre a vida social, sobre todos os tipos de “amigos” que nossos filhos vão encontrar pela vida, sobre todos os tipos de relacionamentos que terão ao longo de sua vida, começando pela vida escolar e, por isso, precisamos prepará-los, às vezes, com experiências amargas, para enfrentar todo tipo de vivência a que somos expostos no cotidiano.
É evidente que com o aumento da vida social do nosso filho adolescente, temos de explicar que existem pessoas que tentam manipular a vida de outras e que tal não merece o nosso respeito. O nosso filho tem de perceber quem é e o que lhe agrada por si. Cabe a nós, pais, ajudá-lo a fazê-lo da melhor maneira possível, inclusive no rol de amigos de escola. Muitos deles serão apenas “colegas de escola”, e sim, infelizmente essa é a realidade social que vivemos.
Os adolescentes de hoje, vivem um mundo muito mais fluído do que o do seus pais, sem dúvida alguma, e certamente experimentam situações sociais muito mais desagradáveis do que seus pais experimentaram na sua vida escolar, por exemplo.
É muito comum numa organização escolar termos de enfrentar situações bullying escolar que é um tipo de agressão intencional e repetitiva que pode acontecer por meio da internet ou grupo de conversas, ou se manifestar em perseguições, piadas e violência física, causando danos físicos, psicológicos e emocionais na vítima.
Por tratar-se de um relacionamento interpessoal grave, e ser um assunto que interfere decisivamente na vida dos envolvidos, as escolas, assim como as famílias, têm a responsabilidade de identificar, combater e prevenir essas situações de violência escolar.
Primeiramente, é preciso ter atenção aos comportamentos de crianças e adolescentes e avaliar, caso a caso, as situações de conflito que acontecem na sua instituição. Dessa forma, é importante entender os tipos de bullying existentes e alguns comportamentos de crianças e adolescentes que podem provocar essas situações de violência.
Na maioria das vezes, existe uma motivação de preconceito para essa agressão, que pode acontecer devido à cor da pele, ao desempenho escolar, à aparência física, entre outros fatores.
Essa forma de violência escolar pode levar os alvos da agressão a desenvolverem transtornos psicológicos, como ansiedade, depressão e fobia social.
Portanto, é necessário que os pais fiquem atentos a mudanças de humor e de comportamento de seus filhos e observem possíveis casos de isolamento em relação aos demais grupos sociais, por exemplo.
É natural que alterações dessas naturezas aconteçam durante a adolescência, porém é preciso fazer um acompanhamento e identificar se essas ocorrências são de fato “orgânicas” ou se estão sendo causadas por uma violência específica.
Brincadeiras à parte, converse com seu filho sobre questões como xingamentos, piadas, mensagens, redes sociais, e rotulações humilhantes, pois podem ser sinais que definem essa forma de agressão. As consequências desse tipo de bullying escolar são inúmeras e incluem insegurança, dependência e problemas de interação social.
Iniciei falando de valores, pois é essa a essência, entendo que é a partir da relação de cuidado, confiança e respeito que nossos filhos compreendem que esse também é o caminho a ser seguido com o próximo. Afinal, se desejamos desenvolver indivíduos com compaixão, precisamos ser o exemplo concreto disso dentro da relação com nossos filhos. Por isso, aja sempre com muita paciência e amor, pense nisso, enquanto lhe desejo boa semana.
*Dirceu Antonio Ruaro
Doutor em Educação pela UNICAMP
Psicopedagogo Clínico-Institucional
Pró-Reitor Acadêmico UNIMATER
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