“Certamente ainda não estamos no pós-pandemia, mas estamos caminhando para isso. Vamos ver como as economias irão se equilibrar daqui para frente”, afirmou, em videoconferência organizada pelo Santander.
Serra lembrou que a pandemia de covid-19 derrubou a demanda por serviços em 2020, enquanto os governos tomaram medidas para recompor a renda das populações em grande medida. “Um porcentual maior da renda das famílias passou a ser direcionado para consumo de bens, em termos globais. Quando você está impedido de consumir serviços, mesmo que se poupe uma parte desses recursos, o choque na demanda por bens é enorme. O consumo de bens subiu muito rápido”, explicou.
Segundo o diretor, a grande questão será como será a dinâmica de preços na abertura da economia pós-pandemia. “Talvez os próximos meses sejam o momento mais difícil de condução da política monetária. Com retomada da economia, a renda disponível está dada. Com a retomada do consumo de serviços, é importante saber se demanda por bens vai desabar”, completou.
Serra avaliou que inflação de bens pode demorar um pouco mais a cair em função da pressão de custos. “Ainda assim, a renda disponível não vai dar saltos adicionais daqui para frente. Se houver direcionamento de renda ao setor de serviços, a não ser que se consuma essa poupança acumulada muito rápido, provavelmente haverá redução de demanda em bens”, completou.
Mercado de trabalho
Bruno Serra disse que a instituição não vê uma medida que seja indiscutível sobre o hiato do mercado de trabalho e considerou isso um “problema grande”. Para o diretor, existe ainda uma dúvida enorme sobre a velocidade em que hiato do trabalho se fechará ao longo do tempo.
“Temos incerteza de ambas as pesquisas (Caged e Pnad) sobre mercado de trabalho”, afirmou, em videoconferência organizada pelo Santander. “A sensação é de que o Caged é mais próximo da realidade econômica que a PNAD”, completou.
Serra considerou ainda que a alimentação fora do domicílio é muito importante para a inflação subjacente e destacou que parece estar havendo alguma recomposição de preços nesse componente. “Isso estaria mais ligado ao fator alimentos do que ao setor de serviços em outros segmentos, que seguem muito baixos”, acrescentou.
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