O BTG Pactual será a primeira instituição financeira brasileira a oferecer aos seus clientes a possibilidade de investir diretamente em criptomoedas – hoje as únicas possibilidades são via fundos e ou por ETFs, que espelham os índices listados na Bolsa. Em meados de outubro, o BTG lançará a Mynt, plataforma desenvolvida internamente para dar acesso às moedas digitais de forma direta. Ela também será acoplada ao BTG Digital, plataforma de investimentos para o varejo do banco.
De saída, os clientes poderão comprar bitcoins, a mais famosa das criptomoedas, e a ether. Mas a ideia é, aos poucos, aumentar o leque de moedas digitais, diz o sócio do BTG e um dos responsáveis por ativos digitais do banco, André Portilho. Segundo ele, o assunto vem sendo gestado desde 2017.
Portilho afirma que a ideia não é atrair os entusiastas da criptomoeda, mas oferecer a outros investidores a possibilidade desse investimento – e com a segurança de um banco. “Começamos a ser questionados pelos nossos clientes por esse investimento”, afirma. Na plataforma serão inseridos conteúdos sobre esse investimento, além de notícias e aulas sobre o tema.
A corretora XP também estuda lançar sua própria plataforma de negociação de criptomoedas, conforme apurou o jornal O Estado de S. Paulo. O projeto já é visto como indispensável para complementar a plataforma existente. Procurada, a XP não comentou.
Os fundos de criptoativos, porém, já estão disponíveis não só no BTG e na XP, mas também em bancos digitais como Inter, C6 e Nubank, conforme levantamento realizado pela Quantum Finance. No total, já são mais de 100 opções de fundos, sem contar os fundos de índices, os ETFs já disponíveis na Bolsa.
Nessa frente, os grandes bancos ainda são tímidos. No Itaú, ainda não há fundo de criptomoeda, mas foi lançada uma opção na prateleira que busca investir em empresas que podem se beneficiar do uso da tecnologia blockchain, de acordo com o banco.
Injeção de capital
Enquanto as instituições tradicionais analisam como irão atuar nesse mercado, algumas companhias desse setor estão cada vez maiores. É o caso da Mercado Bitcoin, um dos mais novos unicórnios brasileiros, após aporte de R$ 1 bilhão liderado pelo conglomerado japonês Softbank.
“Esse movimento lá fora explica a entrada da B3 e dos grandes bancos em cripto (em opções de investimento), eles passaram a enxergar valor na tecnologia. Se não se movimentassem, seriam atropelados por esse movimento lá fora”, diz o presidente do Mercado Bitcoin, Reinaldo Rabelo.
A empresa já tem em seu plano estratégico algumas vias de crescimento, como a internacionalização. Outra estratégia é se associar a marketplaces, já que a percepção é de que eles irão oferecer moedas digitais aos clientes. Segundo Rabelo, a companhia iniciou tratativas para uma abertura de capital, mas optou pela captação privada.
O presidente da associação do setor, Abcripto, Rodrigo Monteiro, afirma que o mercado de criptomoedas está em franca expansão. Segundo o executivo, existe um grupo de empresas com bastante maturidade e, depois do anúncio da captação do Mercado Bitcoin com o Softbank, outras estariam próximas de fazer anúncios semelhantes.
Enquanto o Brasil não cria regras para criptomoedas, o setor criou uma autorregulação e diz negar a filiação a uma parte das empresas que solicitam adesão.
Rabelo, do Mercado Bitcoin, crê ter chegado a hora de o setor ser regulado. Ele diz ter um time de compliance de 40 pessoas e que o negócio é auditado por uma grande companhia.
Para o executivo, a regulação vai equalizar o mercado, impondo limites. Rabelo lembra que, na Mercado Bitcoin, todas as operações são identificadas, com grandes transações informadas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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