Por Dirceu Antonio Ruaro
No texto da semana passada, conversamos sobre a questão da “busca da perfeição” ou, se quiserem da “excelência”. Dissemos que não é necessário educar nossos filhos para serem perfeitos, mas para serem bons e darem o melhor de si naquilo que fizerem e na profissão que escolherem. E, com certeza, se fizerem isso, chegarão à excelência.
É evidente que nossos filhos vivem numa sociedade plural, com uma diversidade considerável tanto na escola quanto nas famílias com as quais convivemos e nos relacionamentos sociais que são expostos. E nem poderia ser de outra maneira. A sociedade é plural e diversificada.
Desde os tempos remotos, observa-se algo que une, e ao mesmo tempo separa os homens de todas as raças e credos: as diferenças. Nenhum ser humano é igual ao outro; cada um tem as suas próprias singularidades. Cada um de nós é percebido como um indivíduo, por nossas características individuais, aparência física, origem linguística, religiosa, cultural e étnica.
Uma escola ou uma sala de aula é uma representação, em miniatura, dessa diversidade humana que compõe nossa sociedade e, certamente apresenta dificuldades de relacionamento justamente pela composição que apresenta.
Muitas vezes o estilo de vida dos colegas pode influenciar nossos filhos e interferir em seus relacionamentos, seus sonhos profissionais, seu estudo e tudo o mais.
Outras vezes, observamos que nossos filhos assumem comportamentos de risco por pressão dos pares, tomando atitudes que, de certa maneira, não tomariam, se não fossem pressionados pelos colegas.
Em nome da amizade e para não parecer diferente ou não discordar dos demais, acabam assumindo pensamentos, ideias, comportamentos e atitudes que não correspondem com os ideais da família, com a cultura familiar. É consenso entre educadores e família que é no ambiente escolar que o aluno começa a socializar com outras pessoas e desenvolver habilidades fundamentais para toda a vida. Assim, a escola pode não ser a única responsável por formar um cidadão, mas deve oferecer o devido suporte para que ele se torne ético e exerça a cidadania. Então, nesse local formativo vai encontrar diversidade de ideias, pensamentos, culturas e atitudes que precisarão ser compreendidas e acolhidas por cada um e não necessariamente assumidas por cada um.
Esse é o ponto. Ninguém precisa assumir a ideia do outro. O pensamento do outro. Ser igual ao outro. Para ser aceito no grupo, é preciso exercitar a empatia, sim, com certeza, mas, não é necessário ser igual ao outro ou fazer o que o outro faz.
Isso precisa ser esclarecido aos nossos filhos.
Isso a escola precisa trabalhar com todos os alunos. Deixar claro que as turmas não são formadas pela identidade de pensamento, cultura ou ideias, que há outros critérios que formam as turmas e que é na diversidade de ideias, pensamentos e ideais que as turmas devem conviver e respeitar-se mutuamente.
O que precisamos trabalhar com nossos filhos é que vivemos em uma sociedade plural, com pessoas de diferentes raças, culturas e habilidades cognitivas. Cada pessoa é única e, por isso, precisamos aprender o respeito às diferenças, sejam elas quais forem.
É nosso papel de pais e educadores incentivar o respeito em sala de aula como um dos caminhos de combate ao bullying, pois a maioria das vítimas sofrem agressões por serem vistas como “diferentes” pelos colegas. E é nesse ambiente que constrói o respeito para que cada um possa ser aquilo que é sem ter de se comparar ao outro sem que tenha de competir com o outro, sem que tenha de se rebaixar para o outro.
É claro que precisamos ensinar nossos filhos a gerenciar suas emoções, para que se tornem adultos responsáveis e empáticos, que respeitam o próximo, a ideia de que os seres humanos são todos iguais merece atenção.
Ainda que todas as pessoas devam, sim, ser tratadas com igualdade, é importante destacar que há individualidades relevantes que fazem com que cada um seja especial e único, que não é necessário fazer o que os outros querem para ser respeitados e aceitos por eles, pense nisso enquanto lhe desejo boa semana.
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