Pe. Lino Baggio, SAC
Jesus não quis ser um missionário solitário. Desde o início do seu ministério público, ele escolheu homens e mulheres para que ficassem com Ele, experimentassem o seu jeito de ser, compartilhassem de sua ação missionária, a fim de que os mesmos fossem por Ele enviados a pregar a novidade do Reino de Deus (Mc 3, 13-14).
Ficar com Jesus e sair a pregar. O discípulo chamado à convivência com o Mestre, precisa estar pronto para sair em missão, do mesmo modo que, aquele que sai em missão, precisa estar sempre ligado à pessoa e vida do seu Senhor. Na pedagogia catequética de Jesus, aparece sempre este duplo movimento: discipulado e missão. Oração e trabalho. Mística missionária. Por isso a sua catequese não se dá no banco de uma escola, e sim, no caminho da cruz.
O grande desafio encontrado por Jesus na formação dos seus discípulos foi a tentação humana de quererem ser mestres. Na escola de Jesus não há lugar para o “carreirismo”. Os discípulos sempre serão discípulos, mesmo após serem enviados a pregar. Por isso Jesus terá na pedagogia da cruz o grande farol de todo o seu ensinamento. Só pode ser realmente seguidor de Jesus, o Messias servo sofredor, aquele que aprende da cruz a doação e o serviço gratuito aos outros. Neste sentido, a catequese de Jesus não estava pautada em doutrinas ou teorias sobre Deus. Jesus ensinava com palavras e gestos. E os seus discípulos aprendiam ouvindo, vendo as ações de Jesus em favor dos outros, mas aprendiam também fazendo, participando ativamente da missão do Mestre.
Olhando a pedagogia catequética de Jesus, percebemos que Jesus se preocupava em formar o coração dos seus discípulos a partir da vida, a fim de que aqueles, simples pescadores, pudessem compreender o mistério do Reino revelado em Cristo Jesus e fossem seus anunciadores para o mundo. Desta forma, podemos afirmar que a cruz é o grande livro da catequese de Jesus, do qual desabrocha todo o seu ensinamento.
Percebe-se que o messianismo de Jesus ainda continua mal compreendido por muitos que se dizem cristãos. A busca por um Messias triunfalista, milagreiro, cheio de glória e poder é constante em nossos dias. Nem mesmo os discípulos de Jesus compreenderam o seu messianismo, por isso o abandonaram na hora da cruz. As autoridades sentiram-se desafiadas. Os poderes religioso e político o julgaram falsamente e o condenaram à morte. Mas o Filho do Homem, que sofreu e deu a vida por amor, foi confirmado na sua missão pelo Pai.
Novamente precisamos voltar a nossa atenção para a pedagogia catequética de Jesus. Primeiro, porque ela nos desafia a fazermos também uma catequese mais próxima e “em saída”. Uma catequese menos escolar e mais inserida na vida e na realidade concreta das nossas comunidades cristãs. Outro aspecto importante é a sua dinâmica discipular. Nossa missão, na comunidade, é formar discípulos missionários do Reino, e não apenas transmitir um amontoado de doutrinas e decretos, muitas vezes, desvinculados da vida das pessoas.
Oxalá as nossas comunidades fossem esse espaço de convivência e fraternidade, no qual, cada um que chega se sentisse acolhido como irmão e irmã, e, a partir da experiência de fé vivida em comunidade, pudesse se tornar também um evangelizador, comprometido com a causa do reino.
Paróquia São Roque – Coronel Vivida
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