Advento significa chegada. Dentro da liturgia católica, o Advento é o período das quatro semanas que precedem a celebração do Natal, quando se prepara, justamente, a chegada de Jesus. A celebração do Natal é o anúncio da descida de Deus ao encontro de nossa humanidade. Vale lembrar os versos de um teólogo que nos faz pensar sobre essa nossa compreensão de Deus, revelada na celebração do Natal: “todo menino quer ser homem. Todo homem quer ser rei. Todo rei quer ser ‘deus’. Só Deus quis ser menino.”
Esse caminho de preparação, que é o Advento, tem duas dimensões muito importantes: a primeira, nos convida a preparar, esperançosamente, a nossa vida para a chegada gloriosa do Senhor. A segunda, é que o Advento nos anima nessa esperança, recordando as circunstâncias em que Cristo veio na primeira vez. Ou seja, ao mesmo tempo em que nos projeta o futuro, o Advento também nos lança ao passado, convidando-nos a contemplar, com o coração humilde e agradecido, a encarnação do Filho de Deus, na História. Ao ter vindo, ao estar vindo e ao prometer vir na glória, Jesus nos abre o espaço para viver da esperança e viver na esperança.
Este tempo litúrgico, que para muitos cristãos passa quase despercebido, deveria ser um momento oportuno para parar um pouco, refletir sobre o caminho percorrido até agora e renovar a esperança Naquele em quem acreditamos. Certamente, dar atenção a estes aspectos no clima agitado de final de ano, não é fácil. Mas não podemos negar que, diante dessa correria constante em que vivemos, a falta de reflexão tem nos levado a uma sensação de que as repostas que temos dado, às diversas realidades que vivemos, parecem ser insuficientes.
O Advento, portanto, pode abrir caminho no deserto de nosso egoísmo, de nossos medos e daquelas incertezas que nos paralisam, levando-nos a uma reflexão e a uma mudança de vida sérias. Bem que isto nos poderia levar a aplainar os caminhos que nos conduzem ao encontro do outro, na sua diversidade e dignidade de filho de Deus. É um tempo oportuno para derrubar as barreiras e desatar os nós da autossuficiência que nos impedem de ter lugar no presépio em Belém.
Por que não nos propormos a viver um Advento diferente? O que podemos fazer para, neste tempo, abrir caminhos, diminuir as distâncias que nos separam do outro e de Deus e, assim, correspondermos ao amor de Deus que nos faz ricos com sua pobreza?
E assim, que neste caminho de preparação, levemos ao Senhor o fruto da nossa reflexão e dos nossos bons propósitos. Desse modo, ao chegar no Natal, poderemos, mais livres, acolher melhor o ‘Deus que quis ser menino’.
Pe. Lino Baggio, SAC
Paróquia São Roque – Coronel Vivida
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