Durante dois dias, especialistas participaram do 8º Seminário Internacional do Marco Legal da Primeira Infância e debateram importância da escuta ativa de crianças.
Realizado nesta semana pela Frente Parlamentar Mista da Primeira Infância, em conjunto com a Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, o seminário contou com profissionais nacionais e internacionais, que discutiram os avanços e os desafios da escuta especializada das crianças.
A abertura do evento, na quarta-feira (30), contou com a presença de Damares Alves, ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, que deixou o cargo para disputar as eleições deste ano, do ex-ministro, o deputado federal, Osmar Terra, e de autoridades na primeira infância do Chile, Itália, Canadá e parlamentares do Brasil.
Neste primeiro dia, os especialistas abordaram as consequências da pandemia sobre a educação das crianças entre zero e seis anos. Segundo eles, no período da pandemia, as crianças estavam mais vulneráveis à violência.
O Instituto Alana, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), realizou pesquisa para averiguar o impacto da pandemia em crianças e adolescentes. Segundo a pesquisa, 13% das crianças deixaram de comer por não irem para escolas ou creches.
O representante da Sociedade Brasileira de Pediatria, Ricardo Queiroz, afirmou que, durante esses dois anos, as crianças e adolescentes acumularam déficits de desenvolvimento que vão demorar vários anos para serem compensados.
Já o secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maurício Cunha, destacou que a subnotificação dos casos de violência contra jovens e crianças é um problema que precisa ser enfrentado para que as vítimas possam ter acesso à assistência adequada.
Cases de sucesso
A quinta-feira (31), segundo dia do evento, foi a vez do compartilhamento de experiências exitosas, com cases de sucesso das cinco regiões brasileiras: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Entre os destaques, o delegado Wilkinson Fabiano Oliveira de Arruda, de Marmeleiro, falou sobre os trabalhos da Delegacia Amiga da Criança, uma experiência inovadora no acolhimento das crianças em espaços adequados enquanto os pais recebem atendimento.
Também do Paraná, o programa Universidade da Criança, desenvolvido no município de Chopinzinho, foi evidenciado durante o evento. Através do programa, Chopinzinho foi o primeiro município do Brasil a desenvolver, aprovar e colocar em prática um Plano Municipal para a Primeira Infância.
De acordo com a coordenadora da Frente Parlamentar Mista da Primeira Infância, deputada federal Leandre Dal Ponte (PSD-PR), que nasceu em Chopinzinho, mesmo com o protagonismo do município paranaense, fazer o Plano Municipal pela Primeira Infância é a parte mais fácil. Difícil mesmo, segundo ela, é fazer com que o plano mude histórias de vida.
“E isso depende de muita dedicação de todas as pessoas que vivem na cidade. A criança, e a gente descobriu fazendo esse trabalho em Chopinzinho, não pode ser só responsabilidade da família ou do Estado. Ela tem que ser uma responsabilidade de todos nós, como cidadãos brasileiros. Nenhuma criança escolhe onde vai nascer. E que a gente quer é que todas as crianças tenham oportunidades”, concluiu.
Campanha
Como encaminhamento do seminário, foi lançada a Campanha Nacional de Sensibilização de Candidatos à Presidência da República para com a Agenda da Primeira Infância, formulada a partir da Escuta das Crianças. “Incluir a participação das crianças na definição das ações que lhes digam respeito em conformidade com as suas características etárias e de desenvolvimento é o segundo princípio que devemos observar para formular e executar as políticas públicas voltadas ao atendimento dos direitos das crianças na Primeira Infância”, destacou Leandre.