Ao participar de reunião, transmitida virtualmente, de presidentes de bancos centrais da América Latina, Campos Neto observou que o mercado vem reavaliando as expectativas de “inflação morta”, o que trouxe perspectiva de aumento mais rápido dos juros no mundo em meio ao quadro de vacinação, reabertura de economias, grandes pacotes fiscais e possível dificuldade das estratégias de saída da crise.
Esse movimento tem destaque em mercados emergentes, como Brasil e Turquia, levando a forte aumento na curva de juros de cinco anos em países em desenvolvimento, onde os alimentos têm peso maior na inflação.
“Vimos os preços das commodities subindo com moedas dos países produtores dessas commodities não performando bem, na verdade até performando mal … A gente tem inflação subindo no mundo emergente, com destaque no Brasil e Turquia, e aí tem uma diferenciação dos países emergentes, que têm peso de alimentos maior e não contrabalanceado pela moeda.”
“Você começa a entrar numa dinâmica de inflação mais rápida, e o mercado começa a precificar a subida mais rápida de juro, que é o que acontece no Brasil”, complementou o presidente do BC no evento com colegas da região promovido pela Secretaria-Geral Ibero-Americana e pelo Banco de España.
Diante da reduzida margem fiscal do Brasil para o apoio à saída da crise sanitária, Campos Neto defendeu a austeridade e seriedade na gestão da dívida pública como caminho para evitar uma desorganização maior dos preços.
Lembrando da percepção de maior risco com a escalada da dívida de países emergentes no enfrentamento da pandemia, Campos Neto disse que o Brasil tem espaço reduzido para oferecer estímulo fiscal na saída da crise, dado o histórico de descontrole inflacionário e de gastos do governo. “É preciso passar a mensagem de austeridade e seriedade fiscal. Difícil imaginar o Brasil formulando politicas de sustentação à crise como outros países. … Quando se tenta um gasto adicional, a desorganização de preços é pior para economia”, comentou Campos Neto.
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