No domingo 6 de junho, o México realizará as maiores eleições de sua história, nas quais serão decididos mais de 20 mil cargos, entre eles 15 governos estaduais, e serão renovadas as 500 cadeiras da Câmara dos Deputados. Mas à medida que o dia da eleição se aproxima, os ataques contra candidatos se multiplicam.
Segundo a consultora privada Etellekt, durante o processo eleitoral 89 políticos morreram, dos quais 35 eram candidatos a cargos em disputa nesta eleição. Entre fevereiro e abril, 46 políticos foram assassinados, um número 44% maior em comparação com o mesmo período nas eleições de 2018, de acordo com a consultoria Integralia.
Mais de 60 candidatos a prefeito já se retiraram da disputa em todo o país. Até agora, cerca de 150 candidatos receberam proteção da polícia, após sofrer algum tipo de ameaça de morte desde que a campanha começou, no início de abril. De acordo com autoridades mexicanas, a maioria das ameaças vem do crime organizado. Algumas deixam de ser apenas ameaças e acabam nas páginas policiais.
No dia 25 de maio, Alma Barragán, que se candidatou à prefeitura de Moroleón também pelo Movimento Cidadão, no Estado central de Guanjuato, foi assassinada a tiros durante um ato de campanha em que participava com moradores da cidade.
Na sexta-feira 28 de maio, Cipriano Villanueva, de 65 anos, também foi morto a tiros. Ele era candidato a vereador do município de Acapetahua pelo partido Chiapas Unido.
Guillermo Valencia, candidato a prefeito de Morelia, capital do Estado de Michoacán, teve mais sorte. No dia 8, ele preferiu assistir a uma luta de boxe pela TV e não estava na van que levava sua equipe de campanha. A emboscada foi em um posto de gasolina. Foram 37 tiros. A secretária e um guarda-costas ficaram feridos.
Desde dezembro de 2006, quando o governo lançou uma polêmica operação antidrogas, o México registra mais de 300 mil assassinatos, segundo dados oficiais que atribuem a maioria desses crimes ao crime organizado.
Crime organizado
Por trás do aumento da violência está a evolução da dinâmica do crime organizado. Nos últimos anos, os cartéis vêm diversificando suas fontes de receita. Além do tráfico de drogas, eles contrabandeiam imigrantes para os EUA, vendem gasolina no mercado negro, sequestram e extorquem comerciantes e produtores rurais.
Em muitos casos, o controle territorial é fundamental, especialmente quando o negócio é extorsão. O domínio é exercido por meio de ameaças e do pagamento de propinas para prefeitos, chefes de polícia, vereadores e promotores. Quem não coopera, morre.
Quase 200 grupos criminosos operam no México, segundo estimativa do governo. Apenas alguns poucos, os cartéis mais importantes, são capazes de mover drogas para os EUA, um trabalho que demanda organização, disciplina e poder. Gangues menores, que se dedicam a outros tipos de crime, como extorsão, competem pelo controle de cidades ou de bairros, intimidando ou matando políticos. (Com agências internacionais)
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