Dirceu Antonio Ruaro
No texto da semana passada, falei sobre o que é a educação positiva. Comentei sobre o que significa a educação positiva, dizendo que, nessa corrente, é central entender que é por meio do amor e do carinho, da afetividade, que se constrói o vínculo afetivo (ou vínculos afetivos).
Essa corrente educativa, compreende a disciplina como necessária e importante na formação humana das crianças e adolescentes, porém não admite qualquer tipo de agressão como salutar no processo educativo.
Compreende, também, que até algum tempo atrás, muitos pais acreditavam que para educar era importante ser “severo”, corrigir o comportamento com agressões que podiam ser verbais ou físicas, entendo que estavam, de fato “corrigindo” e educando seus filhos.
Na atualidade se sabe que ocorre o contrário: a agressão, qualquer tipo que seja, pode causar traumas que terão reflexos na vida toda da pessoa.
Assim, entende-se que a “educação positiva” ou “parentalidade positiva” não admite a educação punitiva. Por isso, castigos, broncas, “palmadas” não são consideradas benéficas na educação dos pequenos.
É evidente que esse tipo de educação, exige um grande esforço por parte dos pais, pois não é nada fácil enfrentar birras, comportamentos inadequados, manter a calma/serenidade e disciplinar a criança com paciência, ternura e firmeza, ou seja, sem agredir de nenhuma forma.
A educação positiva exige, portanto, uma imensa capacidade de diálogo, para fazer com que a criança entenda a situação, analise seu próprio comportamento, entenda o que é inadequado e porque é inadequado e, ao mesmo tempo, acolha e entenda a intervenção dos pais.
Não é fácil agir diante de situações de comportamentos nem sempre “maravilhosos” de nossos filhos. Na parentalidade positiva, o que prevalece são os vínculos afetivos para corrigir as situações de comportamento inadequado e “ensinar”. E, essa mudança, na forma de educar, irá, aos poucos, promover melhorias cognitivas, deixar a criança mais segura, aumentar o rendimento escolar, a responsabilidade pessoal, a autonomia, e as relações interpessoais com os pais e demais familiares.
Diante disso vem os questionamentos: como agir? Como sair da teoria e educar na prática cotidiana, sem cair na tentação da educação tradicional, cuja relação de dependência é fortalecida por meio da correção aplicada diante de comportamentos inadequados?
Aqui, talvez, esteja o maior componente dessa corrente educativa: a paciência. Segundo os especialistas nessa corrente, os pais/educadores terão de exercitar a paciência como componente essencial da educação e por isso, orientam que na prática cotidiana, se deve:
“Não brigar, e sim orientar: em vez de levantar a voz, xingar e proferir ofensas quando a criança faz algo errado, a educação positiva sugere conversar e explicar o porquê da atitude da criança estar errada”.
“Não mandar, liderar: não é fácil manter a disciplina dos pequenos, mas usar a autoridade de pai e mãe para mandar também não é a solução”.
“Acolher e aconselhar: o diálogo ainda é a melhor alternativa para entender a criança. Pergunte o que aconteceu, o que ela está sentindo e o que você pode fazer para ajudá-la. Assim, ela se sente acolhida”.
“Empoderar: estamos acostumados a elogiar as conquistas e lamentar as falhas. No entanto, os erros fazem parte da vida e os pequenos devem aprender que isso não é o fim do mundo. Portanto, acolha a criança nas falhas e mostre que elas são normais, pois ela está aprendendo.
“Ensinar e mostrar afeto: as demonstrações de amor são como instruções não ditas que expressam carinho e afeto. Dessa forma, pequenos gestos, a dedicação de tempo de qualidade juntos e outras ações são manifestações que encorajam os pequenos a também serem mais afetuosos”.
Disso tudo, podemos entender que na educação positiva, é fundamental manter uma relação amorosa, ter momentos de diversão em família, ter vivências comuns, não admitir violências e desenvolver os vínculos afetivos.
A educação positiva na sua essência deve demonstrar que é necessário simpatia, respeito, empatia, ser gentil, saber colocar-se no lugar do outro para entender que comportamentos são mais adequados.
Exercer o papel da parentalidade com afeto, empatia, sabedoria, paciência e confiança pode educar de forma a criar outros vínculos afetivos que não necessitam de agressão, mas de compreensão e acolhimento e são capazes de mudar as gerações para que se possa construir um mundo melhor, pense nisso, enquanto lhe desejo boa semana.
Doutor em Educação pela UNICAMP, Psicopedagogo Clínico-Institucional e Pró-Reitor Acadêmico UNIMATER