Em entrevista virtual, o presidente da Cargill no Brasil, Paulo Sousa, disse que o resultado foi reflexo da combinação de safras volumosas, valorização da soja e milho no mercado internacional e desvalorização do real. Segundo o executivo, o mercado externo representa 75% da receita da Cargill no Brasil. “A combinação desses três fatores trouxe esse recorde de faturamento no ano de 2020”, disse Sousa.
Conforme o executivo, havia a preocupação de importadores de garantir suprimento, temendo interrupção nas cadeias devido à covid-19, o que não se confirmou. Por outro lado, disse ele, o produtor rural brasileiro colheu um volume expressivo e antecipou as vendas ao ver os preços subindo. “Foi um cenário muito positivo, com a demanda global querendo comprar e o produtor brasileiro querendo vender.”
Ainda conforme Sousa, a empresa também buscou reduzir custos para aumentar a eficiência das operações no País. “Todo esse trabalho se mostrou bem feito agora que o mercado estava pagando para que a nossa capacidade trabalhasse a plena potência”, assinalou. “Apesar de ser um ano de pandemia, as nossas equipes trabalharam muito bem e com segurança. Tivemos diversos lugares, principalmente na parte portuária, onde mesmo as comunidades estando em uma situação difícil nós conseguimos operar sem interrupção.”
Já o mercado doméstico foi prejudicado pela queda de faturamento em food service no primeiro semestre, mas se recuperou no segundo semestre, principalmente por conta do auxílio emergencial. Segundo o executivo, embora o food service também tenha reagido em relação à primeira metade de 2020, o seu desempenho ficou abaixo dos anos anteriores, porém a recuperação no mercado doméstico foi puxada principalmente pelas vendas de produtos alimentícios no varejo.
Para contrabalançar o impacto da pandemia sobre food service, a empresa buscou inovações com 500 alunos da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP), e da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e investiu no portfólio de produtos do varejo, oferecendo novas opções nas linhas de óleo e tomate para atender à demanda do consumidor por opções mais saudáveis.
O investimento da Cargill no Brasil totalizou R$ 918 milhões em 2020, um aumento de 40% ante os R$ 656 milhões em 2019. Em torno de um terço desse valor (R$ 328 milhões) foi aplicado na fábrica de pectina HM em Bebedouro (SP), que está prevista para ser concluída no terceiro trimestre. Segundo a empresa, a demanda global por pectina cresce a uma taxa de cerca de 3% a 4% ao ano. O projeto tem investimento total estimado em R$ 550 milhões.
Os demais recursos alocados pela Cargill no País foram direcionados para infraestrutura, melhoria nas fábricas/linhas de produção e lançamentos de produtos. “Grande parte é para busca de eficiência e competitividade, desde melhorar nossas capacidades de embarque e desembarque de armazéns, portos, fábricas, ampliação de fábricas, e uma grande parte também na digitalização de processos”, disse Sousa. “Vamos continuar a ter no futuro investimentos fortes nessa direção de busca de eficiência tanto nas operações físicas como em digitalização.”
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