Padre Judinei Vanzeto, SAC
Partilho com você, caro leitor, parte da Carta dos bispos católicos do Brasil, a todas as famílias, aos educadores e aos gestores, para falar sobre a educação.
“Ao escutar o apelo à conversão, próprio do tempo quaresmal, contemplamos a realidade da educação e precisamos descobrir gestos concretos de mudança e transformação pessoal que tenham resultados no âmbito da educação.
Reconhecemos o caminho que se fez no Brasil referente à educação e elevamos a Deus nossa gratidão por tantas pessoas de boa vontade que se dedicaram e se dedicam à missão de educar inspirados em Cristo Mestre e educador da vida e do amor.
Prezadas famílias, nossa gratidão a vocês que se esforçam a cada dia assumindo sua laboriosa missão de educar. Vocês têm compreendido sua missão educadora: “Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não se há de afastar” (Pr 22,6). Sabemos que a educação não é função exclusiva da escola, mas um esforço coletivo, um dever tanto das famílias quanto do Estado, uma obra a ser feita em mutirão!
Obrigado, educadores e educadoras das redes públicas municipal, estadual e federal e da rede privada, confessional e comunitária, espalhados por todos os rincões do país. Vocês levam conhecimento, novos horizontes e cidadania ao incontável número de estudantes abrindo-lhes novas oportunidades de sonharem seus projetos de vida. Reconhecemos o valor de sua profissão de educadores que consagraram e consagram sua vida à missão de educar, enfrentando com compromisso ético-profissional os desafios próprios das estruturas e condições de trabalho assim como do próprio sistema educacional. Nossa gratidão também aos gestores públicos que se esforçam por cumprir a implementação do direito constitucional do ensino universal e gratuito para o povo brasileiro.
Com a pandemia da covid-19, escolas foram fechadas. É preciso agradecer, de modo muito particular às famílias e outros agentes educativos que não se descuidaram da educação das crianças, adolescentes, jovens e adultos, apesar de todas as dificuldades enfrentadas. Nossa gratidão e reconhecimento por seus esforços, compromisso e humanismo. Com certeza, a pandemia teria consequências muito mais devastadoras se não fosse a atuação das famílias e professores(as), pessoas de boa vontade e espírito solidário e abnegado que demostraram assim que educação também se faz com paixão.
No entanto, apesar de todos os avanços que merecem não só nosso reconhecimento como também nossa gratidão, é urgente afirmar que este é um caminho inconcluso, que há muito a se fazer, que talvez o Brasil ainda esteja no início de seu processo de consolidação educacional. Afinal, educar exige o esforço e dedicação das famílias, dos educadores, das instituições, do Estado e principalmente de toda sociedade. Exige também investimento ostensivo, diretrizes e políticas públicas claras, acompanhamento sistemático e empenho geral de toda a sociedade. E isso não se faz de um dia para o outro, nem sem um projeto de Estado, para além de projetos pontuais de governos.
Famílias, vocês são chamadas a rever seu compromisso com a educação de seus filhos atuando sempre mais de maneira colaborativa e cooperativa com a escola e os educadores. Por sua vez, vocês educadores são chamados a avaliar de que maneira sua prática docente tem colaborado na formação humana, ética e cidadã de seus estudantes. Vocês gestores, precisam discernir profundamente como os programas, currículos e políticas educacionais colaboram na construção de um novo modelo de sociedade, preparando pessoas para a vida e não apenas para o mercado.
Convocamos todas as famílias, comunidades, paróquias, dioceses para abraçarem a causa da educação em prol de uma humanidade fraterna. Renovando o processo educacional, temos certeza de que renovaremos as estruturas institucionais do Brasil em favor de um novo tempo para nosso país”, (Trechos da Carta publicada no dia 6 de março de 2022 no site da CNBB nacional).
Padre e jornalista