Envelhecimento da população, obesidade, sedentarismo e prática de exercícios de alto impacto são os grandes responsáveis pelo aumento de diagnósticos de artrose
Os casos de artrose, uma doença degenerativa que afeta as cartilagens, têm crescido em todo o mundo. De acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, aproximadamente 1 bilhão de pessoas sofrerá com a osteoartrite, seu nome científico, em 2050. O trabalho, que analisou indivíduos de mais de 200 países durante 30 anos e foi publicado na revista científica The Lancet Rheumatology, revelou ainda que atualmente 15% da população a partir dos 30 anos já começou a apresentar os primeiros sinais da enfermidade.
E não é de hoje que os especialistas estão acompanhando o crescimento dos casos. Outro levantamento, feito pelo Colégio Americano de Reumatologia entre 1990 e 2019, evidenciou que houve o salto de 113,25% na incidência no período, passando de 247,51 milhões para 527,81 milhões de casos no mundo.
No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, 15 milhões de brasileiros receberam o diagnóstico de artrose. A enfermidade é responsável por 7,5% de todos os afastamentos do trabalho e é o segundo entre os que justificam o uso do auxílio-doença. Ainda segundo a pasta, ela é a quarta doença mais comum para determinar a necessidade de aposentadoria. O quadro é tão significativo que o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia lançou no final do ano passado um movimento de conscientização da artrose.
O que justifica o aumento de casos?
Especialistas ouvidos pela Agência Einstein dizem que o crescimento dos diagnósticos tem relação com o envelhecimento da população e com outros fatores. “O aumento da obesidade e do sedentarismo e a prática de atividades físicas de impacto também se relacionam com o aumento de casos”, diz o ortopedista Marcos Cortelazo, médico especialista em joelho e traumatologia esportiva e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot) e da Sociedade Latino-americana de Artroscopia, Joelho e Esporte (Slard).
Com o desgaste das cartilagens, explicam os especialistas, aumenta o atrito entre os ossos, o que provoca desconforto, dor, inflamações e deformações, dificultando e até impossibilitando os movimentos. Por isso, a dor articular é o principal sintoma da presença da osteoatrite. Pode haver ainda a limitação ou a impossibilidade da movimentação, estalos e o aumento de volume ou deformidade da região atingida.
“No entanto, é frequente encontrarmos sinais radiográficos da doença em pacientes assintomáticos”, diz a reumatologista Flavia Alexandra Guerrero, do Hospital Israelita Albert Einstein. “A artrose ocorre por um desbalanço do processo de degradação e reparação da cartilagem, que tem fatores mecânicos, genéticos, hormonais, ósseos e metabólicos envolvidos”, explica a médica.
Geralmente associada ao envelhecimento, apesar de afetar muitas pessoas jovens, a doença é mais frequente nas articulações que suportam mais peso, como as dos pés, do quadril, da coluna e dos joelhos, o principal alvo. Seu tratamento varia de acordo com a gravidade do caso.
“Nos casos leves e moderados, o principal objetivo é controlar a dor e a inflamação e melhorar a mobilidade. Já nos pacientes com a doença mais avançada, pode ser indicada a cirurgia para a substituição das articulações”, explica o ortopedista Cortelazo. Ele ressalta ainda que o combate ao mal vem evoluindo por meio do desenvolvimento de substâncias que protegem as articulações do atrito, como o ácido hialurônico, e de próteses customizadas.
Mudanças no estilo de vida
É muito importante que intervenções não farmacológicas sejam feitas para que o quadro não evolua. “Elas vão desde a conscientização e a educação do paciente em relação aos fatores que desencadeiam e agravam o processo, o que envolve o tratamento da obesidade, a realização de exercícios físicos monitorados, a correção de alterações específicas, como as tendinopatias (um quadro provocado pela degeneração ou lesão dos tendões) e outras lesões estruturais, até medidas de proteção articular e o uso de órteses quando necessário”, explica a reumatologista do Einstein.
Alterações de hábitos também são essenciais para evitar a piora da doença ou mesmo desencadear o seu surgimento. “Apesar de haver fatores hormonais e genéticos envolvidos em sua patologia, muito pode ser feito com medidas preventivas quando promovemos um estilo de vida saudável desde a infância, com alimentação equilibrada, prática regular de esportes e medicina preventiva”, afirma a especialista.
Fonte: Agência Einstein
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