Por Ricardo Rocha, Presidente do Crea-PR
Os recentes dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o Censo 2022 fornecem um panorama repleto de desafios, mas também de oportunidades para o desenvolvimento sustentável no Paraná. De acordo com o Censo, o estado aumentou sua população em quase um milhão de habitantes nos últimos 12 anos, alcançando um total de 11.443.208 pessoas.
Esse crescimento nos eleva ao posto de quinto estado mais populoso do Brasil, colocando demandas crescentes em nossa infraestrutura e serviços urbanos. Destaque dentro do quadro nacional, o crescimento da população paranaense foi de 9,56% em relação ao censo de 2010, maior do que o aumento médio nacional, ou seja, nosso estado cresce em ritmo maior que o Brasil. Ainda mais impressionante é o crescimento nas regiões metropolitanas do Paraná, que também superou a média nacional de 6,5%. A Região Metropolitana de Curitiba, por exemplo, teve um crescimento de 335.530 habitantes e a de Maringá viu sua população saltar para 848.450.
Esta crescente urbanização reafirma a necessidade de medidas mais robustas de sustentabilidade ambiental e da adoção de políticas públicas estaduais coerentes com as informações do Censo e que possam contribuir para uma efetiva agenda de crescimento, distribuição de renda e prosperidade para nossa população.
Este crescimento populacional expressivo no estado do Paraná na última década, acendeu o alerta para a necessidade de ações sustentáveis mais efetivas e duradouras. No último dia 19 de junho, na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) o Crea-PR apresentou 25 propostas de projetos de lei à Frente Parlamentar das Engenharias, Agronomia, Geociências e da Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável, do legislativo paranaense. O documento foi elaborado com a ajuda direta de cerca de 150 lideranças do setor, que representam o conjunto de profissionais dos mais diversos campos de atuação registrados no Crea-PR.
As nossas propostas de projetos de lei, por exemplo, estimulam desde práticas cotidianas de conservação ambiental até o fomento de pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias verdes. Uma de nossas propostas entregue à Alep é a Criação de uma Política Estadual de Construções de Baixo Carbono que refere-se a práticas e tecnologias que visam reduzir as emissões de gases de efeito estufa associadas à construção civil, por meio de estratégias como eficiência energética, uso de energias renováveis, seleção de materiais de construção com menor pegada de carbono e melhoria da gestão de resíduos.
Ao incentivar a adoção de tais ações, o governo paranaense pode, mais facilmente, equilibrar o crescimento populacional com a preservação do meio ambiente, garantindo um futuro saudável e sustentável para todos os seus habitantes. No entanto, essas medidas não são suficientes por si só. É preciso políticas eficazes para tornar nossas cidades mais inteligentes e seguras, como no caso de vistorias técnicas regulares em edificações, especialmente à luz do rápido crescimento populacional. Isso é fundamental para garantir o bem-estar dos moradores. A média de moradores por domicílio no Brasil caiu de 3,31, em 2010, para 2,79, em 2022, ou seja, as famílias estão ficando menores e as pessoas vivendo cada vez mais, com parcelas mais significativas de idosos, e isso precisa ser compreendido para termos habitações que ofereçam melhor qualidade de vida aos seus moradores. No Paraná, a média apresentada pelo Censo é de 2,71 pessoas por moradia.
O Censo 2022 mostrou, também, que a maior parte da população brasileira está se mudando e morando em grandes centros. Quase metade dos municípios brasileiros tem até 10 mil habitantes. E nestas cidades municípios vivem 12,8 milhões de pessoas, ou 6,3% da população do país. Essa tendência destaca a necessidade de cidades mais adequadas ao tipo de população, bem como mais sustentáveis e seguras.
Temos entre nossos objetivos, promover segurança, qualidade de vida à população paranaense e otimizar o uso dos recursos públicos. Acreditamos que as Engenharias, a Agronomia e as Geociências têm um papel crucial para um desenvolvimento sustentável. Aliadas à políticas públicas robustas e ações proativas, temos a oportunidade de criar um Paraná mais seguro, sustentável e próspero para todos. O futuro nos espera e precisa ser construído com boas informações, como as advindas do Censo, e com ações concretas para termos um mundo melhor para nós e para as futuras gerações.
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