Os dois anos de isolamento social causado pela pandemia da covid-19 trouxe impactos em diversas áreas sociais e uma das mais afetadas foi a educação. Após quase dois anos letivos sem o convívio entre professores e colegas, a educação tem enfrentado dificuldades nessa retomada das aulas presenciais que tem acontecido em 2022 e, a cada etapa, um novo desafio surge para que os educadores possam voltar a fornecer estudo de qualidade e, além disso, atrair novamente os alunos – e suas famílias – para entender a necessidade de manter as crianças e adolescentes em ambiente escolar.
Sofrendo impacto direto da pandemia da covid-19, as matrículas em creches em todo o Estado despencaram entre 2019 e 2021, com queda registrada em 13,6% no Paraná, de acordo com levantamento realizado por tribunais de conta com base no Censo Escolar 2021. A pré-escola foi a única a registrar elevação nos números de matrículas, com 0,9%, enquanto os dados apontam queda também no ensino fundamental, com a redução nesse mesmo período de 4% nas matrículas.
A conclusão é do levantamento nacional realizado pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), com dados extraídos do Censo Escolar de 2021, sobre a relação dos 5.568 municípios do Brasil.
Em Pato Branco, ainda de acordo com o Censo Escolar de 2021, referente aos dados relacionados a educação básica no município, a rede municipal de ensino registrou, em 2019, 8,342 matrículas; em 2020, 8.631; e em 2021, 8.363 matrículas. De acordo com a Secretária de Educação e Cultura, Simone Painin, a queda nas matrículas escolares da educação municipal entre os anos de pandemia ocorreu apenas na Educação Infantil, o que corresponde a crianças entre 0 e 3 anos.
“Em relação ao ensino fundamental, houve um aumento progressivo, pois recebemos muitos alunos da rede particular durante a pandemia”.
O município não registrava queda nas matrículas desde 2010, quando registrou 7.114 matrículas e aumentou gradativamente até 2018, com o registro de 8.305 matrículas, ou seja, aumento de quase 17%.
O Censo aponta também que as matrículas da rede particular de Pato Branco para a educação básica também registraram uma queda gradual entre os anos de 2019 e 2021, com 4.864 matrículas em 2019; 4.854 em 2020; e 4.515 matrículas em 2021; o que significa a queda de aproximadamente 7% nas matrículas nesse período. Entre os anos de 2010 e 2018, a rede privada vinha registrando aumento, saltando de 3.008 para 4.488 matrículas.
De acordo com o presidente do Sindicato das Escolas Particulares (SINEPE) da Regional Sudoeste, Fabrício Pretto Guerra, a queda nas matrículas de escolas particulares dos últimos anos também foi ocasionada pela pandemia, percebendo que o número maior de matrículas não efetivadas são referentes a crianças de zero a três anos nas escolas que atendem berçário ou educação infantil.
“Durante a pandemia, se passou a ter de forma mais intensa a figura de cuidadoras para atender as crianças. Também há muitas famílias que se reorganizaram, uma vez que a própria pandemia pode ter criado novos hábitos familiares”, aponta.
Guerra destaca que o ano de 2022 tem percebido o movimento de retorno das famílias para as escolas privadas. “O avanço da vacinação de adultos e crianças somadas à segurança oferecida pelas escolas têm contribuído para este retorno. Isso sem falar, é claro, da importância das aulas presenciais para o desenvolvimento pedagógico, social e emocional das crianças”, conclui.
Rede estadual
A rede estadual de educação também está enfrentando a queda nas matrículas escolares em Pato Branco, porém, de acordo com o Censo, as matrículas vêm caindo desde 2010, quando os registros apontavam 10.480 matrículas ao ano. Em 2018 os dados apontavam a queda de aproximadamente 28%, com 7.474 matrículas no ano e, em 2021, o registro aponta apenas 6.922 matrículas para a rede estadual de ensino em Pato Branco, ou seja, de 2010 para 2021, a taxa de matrícula caiu 33%.
Paraná
De acordo com o mesmo levantamento, de 2019 a 2021, as matrículas em creches de todo o Estado caiu 13,6%, de 228.731 para 197.664. Já no ensino fundamental a redução foi de 1.404.493 para 1.348.296 em escolas públicas e privadas e o ensino médio perdeu 29.083 matrículas nesse período, passando de 407.773 em 2019 para 378.660 em 2021.
O Censo Escolar aponta a queda no número de matrículas em creches em todo o Brasil e o Sul foi a região com maior redução, com 11,4%; seguida do Sudoeste e Centro-Oeste, com 10,6%; Nordeste, com 5,6%; e Norte, com 1,3%.
“A maior redução, verificada na educação infantil, preocupa, pois é a etapa que já se comprovou decisiva para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo das crianças. Essa queda se deu fortemente na rede particular e atingiu também a pública”, destacou o presidente da Atricon, Cezar Miola, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE-RS).