Em seus últimos quinze anos de vida, manteve-se uma águia super antenada com a realidade. Foi um tempo bom para ele: teve um excelente álbum (digital, é verdade, coisa que muito o incomodou) lançado em 2011 pela Osesp. Antes, em 2005, fora objeto de um completo perfil pessoal e artístico distribuído por dezenas de vídeos curtos reunidos em A Odisseia Musical de Gilberto Mendes, documentário na primeira pessoa e com participação de muitos músicos e artistas, concebido e dirigido por seu filho Carlos.
E agora, às vésperas de uma efeméride importante, o centenário de seu nascimento em 2022, o poeta santista Flávio Viegas Amoreira lança Gilberto Mendes – Notas Biográficas, na quarta, 21, na Associação Cultural José Martí, em Santos, às 20h30. Participam da live-palestra o jornalista Carlos Conde, ex-editor-chefe da Tribuna de Santos, e outros amigos que assinam textos introdutórios: o compositor Lívio Tragtenberg, Madô Martins, o crítico Luiz Zanin Oricchio, do Estadão, o maestro José Carlos Rocha e o brasilianista Charles Perrone. Durante a live-palestra, eles lançarão “o movimento de comemoração pelo centenário do inesquecível músico, escritor e professor Gilberto Mendes, até o dia 22 de novembro de 2022, data exata dos cem anos de nascimento”, revela Flávio.
Uma noitada como Gilberto adorava, em que tudo é permitido, discute-se de livros a arte, da política ao cinema dos anos 1930, que ele tanto curtia. Um dos seus amigos mais chegados nas últimas décadas, Amoreira desfrutava ainda da convivência pessoal estreita, no espaçoso apartamento de Gilberto, na Rua Arthur Assis, superpovoado por livros, partituras, um piano de armário e muitos quadros de Eliane, sua tão amada mulher.
Uma viagem que começa no ano da Semana de Arte Moderna e retrata em flashes as quase dez décadas de intensa vivência artística do compositor. Desde os mágicos momentos em que, na Santos dos anos 1930, ele teve a chance de conhecer Stan Kenton, o homem que revolucionou o mundo das big bands acrescentando-lhes trompas e outros instrumentos “eruditos”. Gilberto sempre teve tempo para denunciar tragédias como a do incêndio em Vila Socó, em Cubatão, entre muitas outras obras militantes, e de demonstrar, no final da vida, “sua preocupação ecológica crescente com destinos da Amazônia e chorar com desastres como o de Mariana”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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