Para Twala, o Brasil era uma escolha natural para a estreia do BET (Black Entertainment Television, ou “televisão de entretenimento negro”, na tradução livre) na América Latina – o canal acaba de entrar no País como uma das opções da Pluto TV, o serviço de streaming gratuito da ViacomCBS. “A cultura africana tem muita influência no Brasil, que tem uma população de origem africana muito grande. Nossas pesquisas mostraram que havia muito interesse no BET em termos de conexão com a cultura africana.”
Fundado em 1980 nos Estados Unidos, o BET produz séries, reality shows e programas de música dedicados à cultura afro-americana e protagonizados por talentos negros. Na estreia no Brasil, estarão disponíveis, em versão dublada, quatro séries com a assinatura do produtor Tyler Perry: Sistas, comédia dramática sobre um grupo de mulheres solteiras, Assisted Living, sitcom sobre um jovem pai de família que ajuda o avô a gerenciar uma casa de repouso para idosos, House of Payne, sitcom sobre várias gerações de uma família morando na mesma casa, e The Oval, drama sobre uma família interracial na Casa Branca. Outros destaques são Being Mary Jane, estrelada por Gabrielle Union, Boomerang, produzida por Halle Berry e Lena Waithe, o drama American Soul, sobre o programa dos anos 1970 Soul Train, além do reality show Real Husbands of Hollywood, com Kevin Hart. “Nossa missão é celebrar e exaltar a cultura negra ao redor do mundo”, disse Twala. “Queremos ser o ponto de conexão para o público negro e africano ao redor do mundo, incluindo aqueles da diáspora, em países de fala francesa e portuguesa, e para os amantes da cultura negra em geral de qualquer país. Todos podem encontrar um lar no BET.”
O Brasil tem 54% de população negra (de pretos e pardos), mas sua representação nas novelas, séries, filmes, reality shows e outros programas é extremamente pequena. Dá para contar nos dedos as obras que têm um elenco majoritariamente negro. Totalmente, então, é virtualmente impossível. As que são inclusivas na frente e atrás das câmeras são ainda mais raras. “Há um grande interesse no mundo inteiro de promover diversidade e inclusão”, disse Twala. “Muitos dos nossos espectadores não querem apenas conteúdo que entretém, mas também que os exponha ao mundo. Há um elemento educativo misturado com entretenimento no mundo BET, e a cultura BET é de celebração do orgulho negro, da alegria negra, do amor negro. O canal é mais do que entretenimento.”
Twala disse esperar também destacar grandes artistas negros do Brasil. “Quando vejo artistas como Djavan, uma lenda de sucesso mundial, acho que é uma oportunidade para nós. Também queremos pegar talentos jovens e revelações da região e apresentar para uma audiência global”, disse. A música, segundo ele, é um bom primeiro passo por ser uma linguagem universal. Já no BET Awards, que acontece em junho e celebra músicos, esportistas e atores, entre outros, Twala espera que haja indicações para artistas brasileiros.
Produção no país. O BET também tem ambição de fazer coproduções brasileiras, a exemplo do BET África, que acaba de lançar uma telenovela. “O conteúdo local é cada vez mais importante, como comprovamos na África, na França e no Reino Unido”, disse Twala. Ele não descarta uma expansão para além da Pluto TV, seguindo a estratégia da ViacomCBS, que, além do streaming gratuito, tem canais lineares, serviços de streaming pago (Paramount+ no mundo todo e BET+ nos EUA) e canais premium (Showtime, nos Estados Unidos). “Nosso objetivo é alcançar todos os públicos locais e expandir, claro.”
Assim, Monde Twala espera poder contribuir com os debates sobre racismo e diversidade no Brasil, divulgando conteúdo com propósito, promovendo o diálogo, inspirando e oferecendo diversidade de voz e opiniões. “A criatividade é poderosa. Nós queremos ajudar a mudar o mundo e reposicionar a maneira como as pessoas negras são vistas, expandindo essa discussão globalmente.”
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