O Pentecostes é um acontecimento que assinala o nascimento da Igreja e o fortalecimento da missão. Portanto, desde o início, a Igreja nascida em Pentecostes é uma Igreja missionária.
“De repente, veio do céu um ruído como de um vento forte, que encheu toda a casa em que se encontravam”. É como se o universo inteiro fosse sacudido até o mais profundo, o mundo sacudido e despertado, a criação inteira purificada e renovada. O que sucede é algo completamente novo. O Espírito de Deus se faz sentir.
Os primeiros que experimentaram essa novidade foram os discípulos de Jesus reunidos no Cenáculo, na sala superior. Estavam trancados, com medo de se exporem à multidão. Além do mais, estavam confusos e transtornados pela morte de seu mestre e pelo fracasso de suas experiências e seus sonhos. E então logo chegou o vento. Línguas de fogo desceram sobre cada um deles e ficaram cheios do Espírito Santo. Foi como se os tivesse sacudido para se libertarem do medo, da desilusão e da confusão. Como resultado, sentiram-se fortalecidos e prontos para dar testemunho de seu mestre e anunciar a Boa-Nova.
Da sala superior, do Cenáculo ao areópago, de um grupo temeroso de discípulos desanimados a uma valente comunidade de apóstolos. O movimento se dá de dentro para fora. De uma Igreja sedentária a uma Igreja que vai ao encontro, que caminha, em missão.
“Quando ouviram o ruído, reuniu-se a multidão, e todos ficaram confusos, pois cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua”. É como se o mundo inteiro se fizesse presente em Jerusalém no dia de Pentecostes. É a missão universal da Igreja.
Repito que “Apareceram línguas como de fogo, repartidas e pousadas sobre cada um deles. Encheram-se todos do Espírito Santo, e começaram a falar línguas estrangeiras, conforme o Espírito Santo lhes permitia expressar-se”. As línguas de fogo simbolizam o Espírito descendo sobre os apóstolos. O dom do Espírito não é somente dom das línguas, mas das línguas de fogo. Ou seja, o dom do Espírito é o dom do diálogo e do diálogo profético. Em outras palavras, é com a Palavra de Deus que dialogamos com os demais. E a palavra de Deus pode ser como um fogo que limpa e purifica.
A Igreja nascida de Pentecostes é uma Igreja missionária. O nascimento da Igreja foi ao mesmo tempo o nascimento de uma comunidade em missão. A missão é a verdadeira natureza da Igreja. Assim como a natureza do fogo é queimar, a natureza da Igreja é ser missionária. Cada pessoa na Igreja é missionária.
Se nós, discípulos de Jesus de hoje, quisermos ser fiéis a essa Igreja nascida de Pentecostes, temos de nos deixar sacudir pelo Espírito de Deus, para que caiam nossos medos, nossa indiferença, nossa falta de compromisso com a missão. Além do mais, precisamos crescer na fidelidade a Deus e não na busca do sucesso.
Sucesso é uma palavra que deve ser eliminada do vocabulário da missão. Uma coisa é seguir um método de trabalho, usar instrumentos aptos, organizar-se, preparar-se com empenho. Outra coisa é perseguir o sucesso. No fundo, é o nosso grande medo do fracasso. Isso é ruim, pois muitas vezes, o medo do fracasso pode impedir ao missionário de começar, achando que isso é prudência. É a estratégia do time que se fecha na defesa por medo de sofrer gol e não parte para o ataque.
Que o Espírito Santo nos livre da acomodação e nos ajude a agirmos sempre com humildade, mas com muita confiança, conscientes de que nada mais somos do que seus servidores, operários de sua vinha.
Pe. Lino Baggio, SAC
Paróquia São Roque – Coronel Vivida
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