O clube comandado por Pep Guardiola desembolsou 928,2 milhões de euros (R$ 5,9 bilhões) para contratar os jogadores do elenco. O rival gastou um pouco menos, cerca de 646,4 milhões de euros (R$ 4,1 bilhões). A base de comparação são os valores de transferência do site especializado Transfermarkt. A diferença entre os dois se deve à escalação dos jogadores da base. No City, o atacante Phil Foden é o único titular. No Chelsea, os técnicos Frank Lampard, que acabou demitido, e Thomas Tuchel usaram cinco jogadores formados no clube.
A origem dessas fortunas têm um denominador comum: bilionários estrangeiros cujos investimentos tiveram grandes impactos na história dos dois clubes. Eles criaram um “antes” e um “depois”. Até a chegada do russo Roman Abramovich, magnata russo dos setores petrolífero e mineração, em 2003, o Chelsea tinha apenas um título inglês, em 1955. Hoje ostenta seis, além de conquista continental em 2012. Foi o ápice do investimento que começou nove anos antes.
Já o City, cujo dinheiro sai de um fundo de investimentos financiado pela família real de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), quebrou um jejum de 44 anos sem vencer o Campeonato Inglês. Venceu em 2012 e continuou vencendo. Dali para frente, conquistou o Inglês por mais quatro vezes, incluindo nesta temporada. Com investimento forte, os clubes passaram a sentar na mesma mesa dos rivais ingleses tradicionais.
Esse vigor econômico se traduziu no domínio do futebol inglês. Na Liga dos Campeões, eles sobraram. O Chelsea derrubou o maior campeão da competição, o Real Madrid, com um 3 a 1 no placar agregado. O Manchester City passeou diante do poderoso PSG de Neymar e Mbappé, com 4 a 1 na soma dos dois jogos. “Ganhar a Champions é uma grande realização. Ser o primeiro brasileiro a ter a oportunidade de levantar o troféu é um momento de orgulho para todos. Seria um dos momentos de maior orgulho da minha carreira”, afirmou Fernandinho, que deve ser titular.
O City pode ser considerado favorito para buscar seu primeiro título da Liga dos Campeões. Alcançou três títulos ingleses nos últimos quatro anos, inclusive o da atual temporada, e possui o técnico mais badalado de sua geração. Em 11 temporadas, Guardiola foi nove vezes campeão nacional, mas o último de dois triunfos na Liga dos Campeões ficou lá atrás, em 2011, quando comandava o Barcelona.
Guardiola aperfeiçoou o sistema com um “falso nove”. Mahrez, Foden, Bernardo Silva, De Bruyne e até Gündogan “rodam” como atacantes. Com apenas quatro gols sofridos nos 12 jogos, o time parece ter construído o muro defensivo que faltou em outras temporadas. O fato de ter superado o trauma das quartas de final elevou o moral. A forma como eliminou o PSG tirou quaisquer dúvidas sobre a capacidade de chegar ao título europeu.
O treinador pode ter um desfalque de última hora. O volante alemão Ilkay Gündogan deixou o treino de reconhecimento do gramado do Estádio do Dragão, com dores na coxa. “As pessoas pensam que é fácil chegar à final da Champions League. Agora que conseguimos chegar lá, faz sentido o trabalho que o clube desenvolveu nos últimos quatro ou cinco anos”, afirmou Guardiola.
O leve favoritismo esbarra no retrospecto recente diante do rival. A equipe de Thomas Tuchel superou o rival duas vezes em poucas semanas: a primeira foi na semifinal da Copa da Inglaterra e no último encontro do Campeonato Inglês – e vai tentar voltar a fazer o mesmo.
O muro do Chelsea parece ainda mais sólido. O time só sofreu cinco derrotas sob o comando de Thomas Tuchel, em janeiro. O volante N’Golo Kanté parece estar em todos os lados do campo. E raramente perde a bola. A arapuca parece armada: bloqueio defensivo à espera de uma oportunidade para contra-atacar. Os jogos mais recentes, no entanto, acenderam um alerta. Foram três derrotas em quatro jogos.
O time azul também tem um craque no banco de reservas. Tuchel é o primeiro treinador a levar dois clubes diferentes até finais consecutivas – o outro foi o PSG. Tuchel é uma revelação entre os treinadores. Ganhou campeonatos seguidos na França, foi finalista na Liga dos Campeões após sucesso na Alemanha com o Dortmund. E ele admite certa inferioridade na decisão. “Temos seis jogos juntos (na Liga dos Campeões). Sentimos que trabalhamos duro para estar aqui, e estamos com fome. Estamos aqui para ganhar o troféu. Talvez um pouco azarões, mas com muita coragem e vontade de ganhar”, afirmou Tuchel”.
Originalmente, a partida seria jogada em Istambul, mas a sede teve de ser alterada por causa da pandemia de covid-19. A Uefa colocou à venda 1.700 ingressos para decisão pelo site oficial da entidade. A medida vem após a autorização do governo português em liberar a presença de 16.500 torcedores no estádio do Dragão. Os preços variam entre 70 e 600 euros (R$ 460 e R$ 3,9 mil). Vale lembrar que 12 mil ingressos já foram vendidos entre torcedores do Chelsea e Manchester City (6 mil para cada e com a comercialização sendo gerida pelos dois clubes ingleses).
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