Severa estiagem no município causou cerca de R$ 77 milhões de prejuízos na segunda safra do milho e do feijão; impactos na bacia leiteira chegam a R$ 5 milhões
Na sexta-feira (14), Chopinzinho declarou situação de emergência hídrica ao publicar, em Diário Oficial, o decreto nº 180/2021, válido por 180 dias, em que estabelece situação de emergência nas áreas do município afetadas pela longa estiagem, que vem afetando toda a região nos últimos meses.
De acordo com o documento, a situação de emergência ocorre porque entre 2 de fevereiro e 3 de maio houve escassez de chuva. ”Deveria ter chovido 570 mm e choveu somente 110 mm. Em decorrência desta falta de chuva, muitas propriedades estão sofrendo com a falta de água, tanto para consumo humano como animal, bem como foram observados prejuízos agrícolas e na pecuária”, informa o documento.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente de Chopinzinho, Vanderlei Crestani, a falta de chuvas trouxe sérios prejuízos nas culturas do milho e do feijão de segunda safra. Segundo ele, estima-se uma perda de aproximadamente R$ 77 milhões, somente nessas culturas e nesse período apresentado pelo decreto.
A severa estiagem também trouxe grandes prejuízos para a bacia leiteira do município. Somente na produção de leite os agricultores se preparam para uma redução de R$ 5 milhões nos lucros.
“Vale observar que os dados são do levantamento que fizemos em 3 de maio. Hoje já é dia 17. De lá para cá, as perdas só se agravaram, e pelas previsões que nós temos observado dos institutos de climatologia, a tendência é de se agravar para os próximos dias”, ressaltou Crestani.
Além dos prejuízos financeiros, um outro problema que preocupa a população que trabalha diretamente com o campo no município é a falta de água para o consumo humano. Há mais de 60 dias, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente tem disponibilizado água para as comunidades do interior do município, através de caminhões-pipa. Isso porque, na maior parte das localidades não tem água nem para as plantações, nem para os animais e nem mesmo para o consumo humano.
“Estamos observando que a procura por esse serviço tem aumentado, visto que as poucas chuvas que aconteceram nos últimos dias foram insignificantes para melhorar a disponibilidade de águas nas nascentes das propriedades”, disse Crestani relevando que nos próximos dias o município deve se reunir com os laticínios da região em busca de parcerias. A intenção é conseguir a disponibilidade de caminhões para o transporte de água até as propriedades
Benefícios do decreto
Com a declaração de emergência hídrica, Chopinzinho tem mais autonomia para realizar e solicitar medidas de caráter emergencial, a fim de reduzir os danos da severa estiagem no município.
O decreto possibilita que algumas aquisições sejam feitas mais rapidamente com o intuito de diminuir o problema da seca, como por exemplo, a compra de caminhões-pipa e motobomba, contratação de transporte e de serviços dos sistemas de abastecimento de água rural, entre outras medidas de caráter emergencial. “O decreto acelera o processo de aquisição de bens e serviços que sã necessários para atenuar essa situação”, explica o engenheiro.
Já decretaram emergência hídrica no Sudoeste
Dos 42 municípios da região, apenas Chopinzinho e Nova Prata do Iguaçu já publicaram o decreto de emergência hídrica. Nova Prata, já havia produzido o documento ainda antes da reunião com a Amsop na semana passada, em que ensinava os municípios do Sudoeste a declarar situação de emergência hídrica.
Na microrregião de Francisco Beltrão, Santa Izabel do Oeste e Enéas Marques estão já estão dando andamento no processo de declaração de situação de emergência. Renascença também está iniciando o processo junto a Defesa Civil.
Na regional de Pato Branco, os municípios que solicitaram o pedido de reconhecimento federal por escassez, ainda estão em processo de tramitação.
Situação delicada da bacia leiteira
Com a falta de chuvas, os pequenos produtores tiverem dificuldade para produzir a alimentação de seus animais e, como consequência, as pastagens estão secas e as silagens não são de boa qualidade, uma vez que na primeira safra choveu demais e na segunda faltou água.
De acordo com o engenheiro agrônomo, os produtores não produziram quase nada de massa verde e grãos e por isso, há muitos casos em que o milho não tem nem condições de ser ensilado. “Ele vai ser usado praticamente como um feno”, contou Crestani lembrando que “como estamos no período de transição das pastagens de verão para as de inverno, muitos dos produtores não conseguiram semear as pastagens de verão e nem de inverno. Os que semearam, tiveram muitas delas morrendo por falta de água.”
Diante das sérias dificuldades enfrentadas no campo pela seca, os produtores de leite, que há anos já sofrem com os custos elevados para se manter na atividade, estão se desfazendo dos seus animais. Segundo Crestani, a grande maioria das vacas estão sendo vendidas para frigoríficos. “Essa situação é a nossa grande preocupação, pois, tememos que tenhamos uma redução na produção de leite a partir desse ano.”