“Antes de o Taleban conseguir controlar Kandahar e Herat, achei que era só uma ameaça para forçar Ashraf Ghani a renunciar. Mas agora sei que não é. Na verdade, acho que as forças de segurança não lutaram porque os políticos não permitiram que lutassem.”
“A situação era complicada. Havia mãos invisíveis nos bastidores. Não sei que país fez isso. Mas eles têm interesses políticos, econômicos no Afeganistão e estão conseguindo-os iniciando uma guerra, que é a pior coisa para os seres humanos.”
“Todos estão preocupados com o futuro. Os estudantes estão preocupados, porque não serão capazes de completar seus estudos. É decepcionante. Meninas, mulheres, homens e meninos estão preocupados por não ter mais liberdade de expressão e protestar.”
“O medo tomou conta de toda a cidade de Cabul. Todas as pessoas estão decepcionadas. Todo mundo está falando sobre o Taleban, sobre as pessoas inocentes que eles mataram, sobre impedir que meninas frequentem universidades e escolas. Ainda ontem, uma menina de 9 ou 10 anos me perguntou: o Taleban está vindo? Não podemos mais ir para a escola? Eu estava prestes a chorar naquele momento. Choro agora pelas meninas e mulheres cujos sonhos serão destruídos pelo Taleban.”
“Hoje mercados, restaurantes e lojas estão fechados. Tudo é muito caro e muitas famílias não têm dinheiro para comprar pão para comer à noite. É triste. Escolas e universidades estão fechadas e ninguém vai por causa do medo. Quando converso com minhas colegas, todas estão frustradas, com medo de não conseguir continuar os estudos, realizar seus sonhos. Fico frustrado quando ouço o que elas estão dizendo. Sinto muito. Lamento e digo a mim mesmo onde o mundo chegou e com quem estamos lidando.”
“Aqueles que experimentaram a liberdade durante as duas últimas décadas não podem viver sob o governo do Taleban. Foi meu último semestre na Universidade de Cabul. Não sei o que vou fazer. Se eu sair do país, o que acontece com os meus quatro anos de estudos universitários?”, finaliza. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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