Trata-se de uma das maiores estátuas ainda de pé em homenagem aos confederados, com 6,4 metros de altura e sobre um pedestal de 12,2 metros de granito. A figura de bronze foi instalada na cidade, antiga capital da Confederação durante a Guerra Civil, em 1890, e retrata Lee em cima de seu cavalo.
Os confederados, grupo derrotado no conflito americano, defendiam a manutenção da escravidão no país e, por isso, monumentos e bandeiras ligadas aos sulistas são alvos de protesto contra o racismo. Nos últimos seis anos, foram removidos mais de 300 símbolos confederados e de supremacistas brancos, enquanto cerca de 2 mil ainda estão de pé, segundo o centro de pesquisa Southern Poverty Law. Uma estátua de Lee foi removida de Charlottesville, também na Virgínia, em julho.
No Brasil, um importante representante dessa discussão é o monumento ao bandeirante Borba Gato, na zona sul de São Paulo, que foi incendiado também em julho. A estátua, polêmica desde a inauguração, é contestada por seu valor estético e histórico, já que homenageia um bandeirante apontado como escravagista e assassino de indígenas e negros – embora nem todos concordem com essa visão.
Decisão jurídica
Na noite da terça-feira, as ruas ao redor da estátua de Lee em Richmond foram fechadas, enquanto o governo preparava uma área para o público assistir à remoção do monumento. A obra será guardada em um local seguro, de acordo com autoridades locais, até que haja uma decisão sobre seu futuro. A base de granito, porém, permanecerá no local, mas a placa que identificava o homenageado será retirada.
A remoção marcou o fim da era dos monumentos confederados na cidade que talvez seja mais conhecida por eles. A Avenida Monumento, onde muitos deles ficavam, era uma característica orgulhosa da arquitetura da cidade e um endereço cobiçado. Mas, nos últimos anos, à medida que a cidade se tornou mais diversificada, demográfica e politicamente, mais moradores começaram a questionar os memoriais.
Na última quinta-feira, a Suprema Corte de Virgínia decidiu por unanimidade em dois casos que o governador poderia remover a estátua. A retirada, porém, foi contestada por parte dos moradores e por um descendente da família do general Lee, que transferiu a posse da estátua para o Estado.
Há mais de um ano, em junho de 2020, o governador do Estado, o democrata Ralph Northam, anunciou planos para remover a estátua da capital, dez dias depois de um policial branco de Minneapolis matar o ex-segurança negro George Floyd, o que provocou uma onda de protestos em todo o país.
Assim, estátuas como a do navegador Cristóvão Colombo também foram atacadas. Uma foi incendiada e jogada em um lago em Richmond. Outra, em Boston, foi decapitada. Uma terceira, em Baltimore, foi derrubada no mesmo dia em que o então presidente Donald Trump acusou manifestantes de tentarem apagar a história do país. Também nos EUA, a prefeitura de Chicago removeu temporariamente mais duas estátuas do navegador italiano, depois que um grupo de ativistas tentou derrubá-las.
Atos semelhantes se seguiram na Europa. Em Bristol, no Reino Unido, o alvo foi uma estátua de Edward Colston, traficante de escravos e membro do Parlamento britânico que viveu no século 17. A escultura de uma ativista negra feita por um artista britânico chegou a ser colocada no mesmo pedestal onde ficava Colston, mas foi removida pelas autoridades municipais por ter sido instalada sem permissão.
Em Londres, a estátua de Robert Milligan, que chegou a ter 526 negros escravizados em suas fazendas de plantação de açúcar na Jamaica, foi removida pelo Museu das Docas.
Na Bélgica, nos últimos meses, ganhou força uma campanha já antiga para tirar de cena monumentos do rei Leopoldo 2.º, e um busto do monarca sanguinário, que colonizou o Congo (atual República Democrática do Congo), foi para um depósito na Universidade de Mons.
A marcha de Charlottesville
Em julho, uma estátua do general confederado Robert Lee foi retirada da cidade de Charlottesville, também no Estado de Virgínia, quase quatro anos depois de protestos de grupos supremacistas brancos. Em agosto de 2017, a cidade havia sido tomada por marchas de nacionalistas e ultrarreligiosos – além de grupos que protestavam contra a extrema direita. Em uma dessas manifestações, James Alex Fields, um neonazista, atropelou e matou Heather Heyer, de 32 anos. Em 2018, ele foi condenado a prisão perpétua. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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