Em nota, a Marinha, por meio da Capitania dos Portos da Bahia (CPB), afirmou que uma a análise feita pelo Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) concluiu que os resíduos retirados da praia baiana apresentam perfis químicos compatíveis com o material que se espalhou há dois anos em 572 locais de 130 municípios brasileiros. Na época, foram retiradas das praias brasileiras 5,38 mil toneladas de óleo.
A possibilidade colocada pela CPB é de que o reaparecimento do óleo, já em estado de petrificação, se deu em razão das correntes marítimas que formaram uma ressaca, o que ocasionou o ressurgimento dos fragmentos de petróleo. A retirada do material envolveu uma equipe de 35 pessoas, entre técnicos e biólogos, coordenadas pela Marinha, com apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), além da Defesa Civil de Camaçari.
Coordenador-geral do órgão municipal, Ivanaldo Soares informou ao Estadão que o que foi retirado até o momento corresponde a 80% do óleo que ressurgiu na superfície da praia turística, localizada a cerca de 76 quilômetros de Salvador. Ainda segundo ele, o óleo estava concentrado em uma área de 240 metros quadrados em torno de arrecifes.
“Como é uma área de rochas, que não se tratam de corais com organismos vivos, não teremos maiores danos ambientais, segundo os biólogos. Eles analisam a necessidade da retirada desse restante. As praias não sofrerão interdição ou coisa do tipo porque são resíduos em estado de pedra, resquícios do derramamento de 2019, quando retiramos do nosso litoral cerca de 35 toneladas da mesma substância”, explicou.
Uma reunião entre representantes da prefeitura do município baiano, Ibama, Inema e ICMBio, realizada nesta terça-feira, discutiu estratégias para a remoção de futuros resíduos que venham a aparecer. Ainda de acordo com a CPB, os órgãos ambientais e autoridades municipais permanecem monitorando a região afetada pelo ressurgimento e realizando ações sob supervisão técnica. A reportagem procurou o Ibama, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.
A investigação das causas do vazamento, concluída pela Marinha em agosto de 2020, não identificou culpados. Em maio deste ano, contudo, a Marinha divulgou os nomes de três navios suspeitos: navio-tanque (NT) Boubolina; NT VL Nichioh (nome alterado para NT City Of Tokyo) e o NT Amore Mio (nome alterado para NT Godam).
No inquérito, enviado à Polícia Federal, responsável pela investigação criminal, consta que o óleo é de origem venezuelana e que trafegou submerso ao ser derramado a uma distância de 700 quilômetros da costa brasileira. As linhas de investigação consideradas pela Marinha apontam afundamentos de navios, derramamento acidental ou intencional, ou ainda descarte irregular de tambores de óleo. Até o momento, ninguém foi responsabilizado.
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