Dos times que estão na elite, Fortaleza (Leão 1918), Bahia (Esquadrão), Atlético Goianiense (Dragão Premium), Ceará (Vozão) e Juventude (19Treze) seguem essa trilha. Produzem o próprio material esportivo e ainda dão emprego nas suas comunidades.
Esse número quase dobra quando se trata de Série B, já que nove equipes se utilizam de confecções próprias. Neste cenário, a região Nordeste é representada por CRB (Regatas), Náutico (N6), e Vitória (Nêgo). O Sul também tem três adeptos: Coritiba (1909), Brasil de Pelotas (Xavante) e Brusque (BFC 87). Outros dois times vêm da capital goiana, Goiás (Green) e Vila Nova (V43) e a Ponte Preta (1900) completa a lista de equipes da segunda divisão do Nacional.
PIONEIRISMO – Um dos primeiros clubes a apostar nesta iniciativa, o Fortaleza adota a estratégia de bancar a linha de uniformes há quase cinco anos. “O Fortaleza foi um dos primeiros a investir no setor. O torcedor ama o clube e cria um vínculo com a marca por ser algo próprio, mas é essencial manter a qualidade. Eles (torcedores) são clientes e devemos fazer da forma correta”, comentou o presidente Marcelo Paz, defensor da ideia.
Segundo o mandatário, fabricar o próprio material esportivo tem ainda uma outra vantagem: dar mais autonomia ao clube no momento de executar o planejamento. “Temos uma liberdade maior para montar o calendário de lançamentos, conseguimos atender as demandas e planejar algo mais imediato quando necessário”, completou.
Nessa história, o Bahia possui um caso curioso. A “Esquadrão” realizou uma parceria para produzir o uniforme do Vitória da Conquista. Em ação inédita, o time do interior do Estado utilizou materiais feitos pelo tricolor baiano durante o Campeonato Estadual.
Já em Alagoas, o CSA percorreu o caminho contrário. Após algumas temporadas vestindo as camisas da “Azulão”, o clube anunciou o acordo com a Volt Sport para a produção do enxoval da temporada 2021. Além disso, América-MG e Botafogo-SP divulgaram que irão se juntar à empresa. “O crescimento das marcas próprias foi uma resposta a acordos não muito vantajosos que estavam sendo oferecidos pelas fornecedoras de materiais esportivos do mercado. Os clubes precisam de parceiros que entendem as suas necessidades, isso inclui desde o fornecimento completo, passando pela identificação com a torcida e chega até as vantagens financeiras com as vendas de um vasto portfólio de produtos relacionados ao time”, declara Fernando Kleimmann, sócio-diretor da Volt Sport.
PESQUISA DE MERCADO – Diante dessa mudança mercadológica, Rene Salviano, especialista em marketing esportivo, ressalta a importância de pesquisas para entender o perfil do consumidor e conseguir promover parcerias lucrativas. “As grandes decisões de mudança precisam ser analisadas em vários fatores. Facilidade de criação de modelos que vão de encontro ao desejo do torcedor, rapidez na produção local e possibilidade de um kit maior de produtos no caso dos fornecedores próprios. Por outro lado, as grandes marcas podem fornecer um conhecimento de mercado incontestável”.
OPÇÃO PELA TRADIÇÃO – Mas se essa tendência começa a atingir clubes das mais variadas regiões do Brasil, há quem defenda o vínculo com as marcas tradicionais, as gigantes do mercado. Para Jorge Avancini, vice-presidente de marketing do Internacional, é fundamental ter um fornecedor de material esportivo de tradição no mercado. “Eu acho importante ter uma marca de peso e global como a Adidas no portfólio de patrocinadores. Coloca o clube em alinhamento com tudo o que está acontecendo de mais moderno no mercado esportivo e traz referência nacional e internacional”.
Além disso, Avancini disse que ter uma marca forte, que patrocina também outros clubes no mundo, pode facilitar intercâmbio com outros clubes que são patrocinados por esse fabricante. Também tira da frente uma preocupação a mais do gestor, que só recebe o material combinado pelo acordo, além de parte em dinheiro, e distribui. Valores desses acordos não são revelados, mas estima-se que eles cheguem a R$ 15 milhões por temporada, entre o fornecimento e o cachê.
Já em relação às marcas próprias, o dirigente do Internacional disse tratar-se de um segmento de mercado e que é necessário acompanha essa evolução sob todos os aspectos.
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