Janeth, que conquistou duas medalhas olímpicas – prata em Atlanta-1996 e bronze em Sydney-2000 – e o título mundial em 1994, dentre outros grandes títulos, receberá a homenagem das mãos da filha de Adhemar, Adyel Silva, no Prêmio Brasil Olímpico, festa de gala do esporte brasileiro organizada pelo COB, na próxima terça-feira, em Aracaju.
“Fiquei muito emocionada quando recebi a notícia do presidente Paulo Wanderley. Acho que todos os valores do Adhemar me representam e acrescentaria ainda a disciplina. Receber o Troféu das mãos da filha do Adhemar, para mim, é como se ele mesmo tivesse entregando. É uma representação de todo o trabalho que a gente fez para o esporte brasileiro, passando de mãos em mãos. É mais um motivo de alegria, de orgulho e de representatividade”, disse Janeth. “Significa valorização da luta, do que a gente sempre busca, de uma sociedade mais igualitária, de atletas, principalmente negros, que representam esses valores. Estar juntos de grandes atletas e personalidades que receberam esse prêmio para mim é uma honra”, completou.
Janeth nasceu em São Paulo, em 11 de abril de 1969, e teve no Mundial de 1983, realizado no Brasil, a inspiração para começar a jogar basquete. Ao assistir a seleção no torneio, a jovem começou a sonhar que um dia poderia ser a sua vez. Teve sua primeira convocação em 1986 e permaneceu por mais de 20 anos jogando em altíssimo nível, com quatro participações nos Jogos Olímpicos – disputaria ainda as edições de Barcelona-1992 e Atenas-2004 -, três medalhas pan-americanas, sendo a última em casa (no Rio-2007), e um título mundial. Ela formou um trio implacável com Paula, homenageada no Hall da Fama, e Hortência, representante da Comissão de Atletas do COB, com as quais se reencontrará no Prêmio Brasil Olímpico.
“Essa nossa geração marcou muito. Claro que toda vez que a gente se encontra é uma grande alegria porque vem demonstrando que o que a gente fez, o tripé que nós formamos é lembrado e valorizado. Estar lá com elas, ter esse reencontro, é maravilhoso porque a gente lembra o que viveu na nossa geração, as conquistas que nós tivemos, então eu sempre me sinto muito feliz, muito honrada em estar no PBO desse ano”, contou.
Em Atenas-2004, na Grécia, sua última participação olímpica, ficou em quarto lugar e se tornou a maior cestinha da história do torneio de basquete em Jogos Olímpicos, recorde superado apenas em 2012 pela americana Lauren Jackson. Janeth é a terceira maior pontuadora da história da seleção, tendo anotado 2.247 pontos em 138 jogos oficiais – média de 16,3 pontos por partida.
“A maior conquista que tive na minha carreira eu considero o pódio olímpico em Atlanta-1996, medalha de prata. Era um momento inesquecível, único, eu me emocionei muito, era uma mistura de alegria e tristeza. Estava vivendo um momento muito bom na minha carreira como atleta, mas a equipe que eu jogava no Brasil estava sem patrocínio. Será que aquela medalha seria uma resposta? Foi uma mistura de sensações”, explicou.
Ao longo da carreira, Janeth defendeu o Higienópolis-SP, BCN-SP, Cica/Divino/Jundiaí-SP, Constecca/Sedox-SP, Leite Moça/Sorocaba-SP, Arcor/Santo André-SP, Vasco-RJ, São Paulo/Guaru-SP, Houston Comets (WNBA/Estados Unidos), Unimed/Ourinhos-SP e Ros Casares Valencia (Espanha).
Janeth se aposentou da seleção e do basquete profissional após os Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, com a medalha de prata. Em 2009, decidiu transmitir o seu conhecimento às jovens atletas do país, tornando-se técnica das categorias de base da seleção feminina, onde permaneceu até 2012. Em 2016, foi escolhida para ser a prefeita da Vila Olímpica nos Jogos Olímpicos do Rio. Ela também se dedica ao instituto que criou em 2002 em Santo André (SP), mas que está espalhado em outras quatro cidades do país, e usa o esporte como ferramenta para ajudar a educação de crianças e adolescentes.
O Troféu Adhemar Ferreira da Silva se junta a outras homenagens que Janeth já recebeu e mostram a sua importância para a modalidade. Em 2014, entrou no Hall da Fama exclusivamente voltado ao basquete feminino e que tem sede nos Estados Unidos pelos quatro títulos da WNBA com o Houston Comets entre 1997 e 2005. Cinco anos depois, entrou para o Hall da Fama da Federação Internacional de Basketball (Fiba). Ela receberá a homenagem das mãos da filha do Adhemar, Adyel Silva.
“Receber o Troféu das mãos da filha do Adhemar, para mim, é como se ele mesmo tivesse entregando. É uma representação de todo o trabalho que a gente fez para o esporte brasileiro, passando de mãos em mãos. É mais um motivo de alegria, de orgulho e de representatividade”, completou Janeth.
Confira a lista de homenageados com o Troféu Adhemar Ferreira da Silva:
2001 – Nelson Prudêncio (Atletismo)
2002 – João Gonçalves Filho (Natação e Polo Aquático)
2003 – Amaury Antonio Passos (Basquete)
2004 – Maria Lenk (Natação)
2005 – Agberto Guimarães (Atletismo)
2006 – Aída dos Santos (Atletismo)
2007 – André Gustavo Richer (Remo)
2008 – João Havelange (Natação e Polo Aquático)
2009 – Joaquim Cruz (Atletismo)
2010 – Eder Jofre (Boxe)
2011 – Bernard Rajzman (Vôlei)
2012 – Hortência (Basquete)
2013 – Torben Grael (Vela)
2014 – Vanderlei Cordeiro de Lima (Atletismo)
2015 – Gustavo Kuerten (Tênis)
2016 – Bernardinho (Vôlei)
2017 – Lars Grael (Vela)
2018 – Jackie Silva (Vôlei de Praia)
2019 – Oscar Schmidt (Basquete)
2021 – Janeth Arcain (Basquete)
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