O porta-voz do COI, Mark Adams, afirmou que a entidade criou uma comissão disciplinar “para apurar os fatos no caso Krystina Tsimanouskaya”, que ficará encarregada de “ouvir
os dois funcionários supostamente implicados” na tentativa de repatriamento da velocista.
Segundo o COI, os funcionários de Belarus sob investigação são Artur Shumak e Yuri Moisevich. Adams disse que o COI recebeu nesta quarta-feira “um relatório escrito” do Comitê Olímpico de Belarus, com sua versão dos fatos, e que o documento “será avaliado”.
Depois que Tsimanouskaya criticou o seu técnico nas redes sociais, ela disse que as autoridades a levaram para o aeroporto e tentaram colocá-la em um avião de volta para a Belarus, uma antiga república soviética entre a Rússia e a União Europeia governada com mão de ferro desde 1994 pelo presidente Alexander Lukashenko.
A velocista teme ser presa se retornar ao seu país, que, no último ano, vivenciou milhares de prisões e exílios forçados de opositores, assim como a liquidação de muitas ONGs e veículos independentes.
Tsimanouskaya embarcou em um voo para Viena nesta quarta-feira, embora não esteja claro se a capital austríaca é seu destino final. Vários países se ofereceram para ajudá-la e a Polônia concedeu-lhe um visto por motivos humanitários porque ela teme que sua vida seja ameaçada em Belarus.
O vice-ministro das Relações Exteriores da Polônia, Marcin Przydacz, confirmou que a atleta está “sob os cuidados do serviço diplomático polonês” e avisou que a rota do voo não foi revelada por motivos de segurança.
“A Polônia fará o que for preciso para ajudá-la a continuar sua carreira esportiva”, havia escrito no Twitter Przydacz. A Polônia recebe muitos dissidentes de Belarus. República Checa e Eslovênia também se ofereceram para acolhê-la.
No domingo, Tsimanouskaya denunciou que foi forçada por seu técnico, Yuri Moiseyevitch, a deixar os Jogos Olímpicos e que, mais tarde, funcionários do Comitê Olímpico de Belarus a acompanharam até o aeroporto para que voltasse para seu país.
Poucos dias antes, a atleta havia criticado duramente a Federação de Atletismo de seu país por obrigá-la a participar do revezamento 4×400 metros. Inicialmente, ela teria de correr as provas de 100 e 200 metros. Segundo Tsimanouskaya, a imposição se deveu ao fato de dois outros velocistas de Belarus não terem passado nos controles antidoping.
A atleta foi escoltada por funcionários do Comitê Olímpico de Belarus até o aeroporto, onde deveria passar a noite em um hotel antes de voltar para casa. Durante a noite, porém, ela conversou com responsáveis do Comitê Organizador dos Jogos para que a ajudassem a não embarcar.
A atleta rejeitou o retorno forçado porque diz ter “medo” de acabar na prisão. A jovem era pouco conhecida antes deste caso, mas havia expressado publicamente sua simpatia pelo movimento anti-Lukashenko. O COI pode suspender o Comitê Olímpico de Belarus antes da cerimônia de encerramento da Olimpíada de Tóquio, marcada para o próximo domingo.
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