A pedagoga e psicóloga Rosane Ferrari defende que ter um hobby é uma questão de saúde mental. “A gente precisa ter uma organização com as tarefas diárias, e não pode abrir mão de um hobby, se não acaba ficando mal. Não dá para deixar para amanhã ser feliz e estar bem. É preciso todos os dias ter doses de momentos nossos.”
Para Nathalia, a paixão pela atividade aconteceu naturalmente: o ambiente das papelarias sempre foi estimulante, além de já ter na família os pais que também expressam dons artísticos. Ela começou a fazer scrapbooks em 2015, quando sua vida ficou mais agitada, e sentiu a necessidade de uma estratégia para desacelerar. “Eu fazia mestrado, tinha uma rotina pesada que envolvia leituras complexas, que deixavam a cabeça cansada. Ter esse momento de desconectar e nem ver o tempo passar é muito bom, é um momento que você se conecta com você mesmo”, relata a profissional de marketing digital, que costumava presentear o namorado, familiares e amigas próximas com sua arte.
Mas nem todo mundo encontra com facilidade uma atividade de lazer. Para a psicóloga Thaiana Brotto, especialista em Terapia Comportamental pela Universidade de São Paulo (USP), encontrar um hobby perpassa, principalmente, por dois processos: estar aberto aos estímulos externos e praticar o autoconhecimento. “É importante testar o novo e depois parar para observar como se sentiu. É bom se dar esse tempo de reflexão antes de ir para a próxima tarefa ou objetivo”, explica.
A psicologia defende que a influência é a base que define os comportamentos humanos. Por isso, uma criança que cresce em um lar onde existem livros, e vê seus familiares lendo, tende a crescer com gosto pela leitura. O mesmo acontece já depois de adulto: seguimos em constante mudança, adquirindo novos hábitos e paixões.
Rosane comenta que, mesmo que não tenhamos sido estimulados pelo ambiente a termos este ou outro hobby, podemos buscar o contato com a atividade. “A gente aprende com os outros, seja pessoalmente, seja por uma tela. Então acompanhar nas redes sociais também é uma forma de aprender algo novo”, destaca.
A influência digital pode ser vista como algo positivo nesses casos. É o que acredita Thaiana: “nós podemos olhar para a vida do outro e nos abrir para o novo. Se o outro faz, por que eu também não posso experimentar? E aí entender o que cabe na minha realidade, no meu dia a dia”, explica.
Hoje Nathalia influencia, pelas redes sociais, outras pessoas a tentarem colocar a mão na massa e fazer seus próprios scrapbooks. Em seu Instagram, dá dicas de personalização e mostra um pouco do seu trabalho, comercializando alguns produtos. Ela conta que fazer a transição de tornar o hobby um negócio não foi nada fácil: “Foi difícil para mim transformar os scraps em um produto que eu poderia vender, colocar um preço, porque realmente era algo que eu fazia por prazer”, conta.
Mesmo assim, não deixou de reservar um espaço para soltar a criatividade de maneira livre e sem compromisso com clientes. Ela acredita que, se mantendo conectada a esta atividade de lazer, consegue passar para quem a acompanha o quanto ter um hobby pode ser benéfico.
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