A PF está sob o guarda-chuva do Ministério da Justiça e Segurança Pública e, depois que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu posse ao novo ministro, no final de março, houve a troca no comando da corporação. Com a indicação de Paulo Maiurino para a direção-geral, nomes importantes foram substituídos por indicações de sua confiança, incluindo o superintendente em São Paulo. Esta é a primeira reforma ampla nos quadros da instituição desde que o ex-ministro Sérgio Moro saiu do governo acusando o presidente de tentar interferir politicamente no órgão para blindar aliados.
Em discurso no evento, o ministro da Justiça, no cargo há pouco mais de um mês, disse que recebeu do presidente a missão de dar suporte ao trabalho da corporação e falou, mais de uma vez, na importância de manter a independência da corporação. “A marca Polícia Federal tem um poder muito forte”, afirmou. “Trabalharemos para dar todas as condições para a Polícia Federal trabalhar, nisso seremos incansáveis, sempre respeitando a sua autonomia.”
Oriundo da Polícia Federal, Torres também elogiou as operações abertas dentro de investigações sobre desvios de recursos públicos para o enfrentamento da pandemia. “Assim é e sempre foi a Polícia Federal: vigilante, atuante, independente e autônoma. Hoje cabe a mim, na condição de ministro da Justiça e Segurança Pública, seguir garantindo que a PF permaneça com essas características imprescindíveis para o bom andamento dos seus trabalhos. Essa missão me foi confiada pelo presidente Jair Bolsonaro e eu desempenharei com todos os meus esforços”, acrescentou.
Responsável pela indicação do novo chefe da Polícia Federal em São Paulo, o diretor-geral também falou no evento e, assim como o ministro da Justiça, endereçou tema sensível ao governo Bolsonaro. Maiurino disse que pretende ampliar o combate aos crimes ambientais – assunto espinhoso para o Planalto desde que o comandante da PF no Amazonas foi exonerado na esteira de uma notícia-crime formalizada contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
“Reforçaremos o combate aos crimes ambientais, como forma de assegurar um desenvolvimento econômico sustentável, com a exploração legal e regular dos recursos naturais brasileiros”, afirmou.
O DG, como é chamado o chefe da PF na corporação, ainda aproveitou para reforçar que atenção da gestão ao combate ao tráfico de drogas e aos crimes violentos. Prometeu também treinamentos para melhorar o desempenho dos agentes contra crimes cibernéticos.
“Em nossa gestão, o tráfico de drogas e os crimes violentos, como o roubo de carga e o roubo a bancos, receberão tratamento rigoroso. Não toleraremos os inúmeros prejuízos e malefícios que esses crimes causam na população em geral, independentemente da classe social”, disse.
Novo superintendente
Bartolamei já foi chefe de Assuntos Internos na superintendência da PF no Rio de Janeiro, chefe da Divisão Antiterrorismo da Diretoria de Inteligência Policial (DIP), coordenador de Segurança dos Jogos Olímpicos no Brasil, chefe da Interpol no Brasil e, por último, atuava no Gabinete de Segurança Institucional.
Em seu discurso de posse, agradeceu o convite e reconheceu o desafio de comandar a maior unidade da PF. “Na Polícia Federal, missão dada sempre foi e há de ser cumprida”, afirmou.
Delegado de carreira, ele listou como prioridades o combate ao tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro, crimes ambientais, previdenciários e fazendários. Também sinalizou que deve seguir com a estratégia de atacar as organizações criminosas a partir dos braços financeiros para promover sua descapitalização – uma das apostas das operações recentes da Polícia Federal em São Paulo contra facções de narcotraficantes, sobretudo o Primeiro Comando da Capital (PCC).
“Atuaremos firmemente no combate ao crime e na defesa da sociedade. Não vivemos tempos serenos. A criminalidade organizada, cada vez mais intrépida, demanda trabalho constante”, disse.
Ainda na fala, o novo chefe da PF prestou homenagem aos profissionais da Saúde e agentes das forças de Segurança que trabalham na linha de frente da pandemia.
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