Aos 69 anos, o experiente treinador desembarcou em Belo Horizonte disposto a dar uma sacudida no elenco. Apostando em frases de efeito com direito a muitos palavrões e um gestual forte, ele abriu os trabalhos nesta sua terceira passagem pelo clube.
“Segunda divisão é isso aí. É alma, é dividida, é porrada, é coração. Não tem jogo bonito. Não esqueçam de uma coisa, vocês não estão em qualquer clube, vocês estão no Cruzeiro”, falou o treinador no vestiário pouco antes de sua estreia pelo time mineiro.
No vídeo divulgado pelo clube, parte do discurso do treinador mostrou a sua estratégia para contagiar o plantel na preleção. Em campo, a vitória de 2 a 1 sobre o Brusque deu o alento de que o grupo precisava para iniciar uma reação na competição.
O primeiro passo dessa longa caminhada foi tirar o clube da zona de rebaixamento. O triunfo sobre a equipe catarinense fora de casa, quebrou ainda outra marca incômoda: o fim de um jejum de nove jogos sem vitória.
Mas o próprio treinador sabe que, mais importante do que um bom início nessa sua passagem pela Toca da Raposa, é conseguir manter o espírito em alta até o final do campeonato.
Os problemas de Luxemburgo não se restringem ao trato com os jogadores e às atividades que remetem ao ajuste da equipe dentro de campo. Ciente da delicada situação financeira que assola o Cruzeiro, o treinador tratou de se respaldar junto à diretoria e fez um pedido: que os salários de atletas e funcionários fossem cumprido religiosamente.
“Comprometimento é obrigação. O jogador está comprometido com o clube e o clube comprometido com as suas obrigações também. A maior contratação do Cruzeiro não foi o Luxemburgo. Foi pagar em dia os seus jogadores e funcionários. Isso muda tudo completamente”, comentou o técnico em entrevista coletiva.
O treinador sabe que terá de buscar a reação com o material humano que tem em mãos. Com uma dívida estimada na casa dos R$ 900 milhões, o clube está impedido de registrar novos atletas devido a duas punições de “transfer ban” (transferências).
Para se livrar das sanções da Fifa a direção terá que desembolsar R$ 13 milhões para quitar os débitos junto ao Defensor, do Uruguai (R$ 7 milhões) e o restante (R$ 6 milhões) com o Mazatlán, do México.
A necessidade de um bom desempenho na Toca da Raposa tem ainda um outro sentido: o de resgate para o treinador. Seus últimos trabalhos estão longe da grandeza de seu início de carreira.
Contratado pelo Vasco no ano passado para livrar o time do rebaixamento na reta final do Brasileiro, Luxemburgo acabou fracassando na sua missão e viu o time de São Januário ser rebaixado para a segunda divisão.
Seu último título de expressão nacional já vai longe. Seus tempos áureos se iniciaram em 1989, no Bragantino. A boa fase de título e se esticou até 2004, no Santos. Nesse período, Luxemburgo amealhou cinco Campeonatos Brasileiros, uma Copa do Brasil, e ainda uma Copa América com a seleção brasileira entre as taças mais importantes.
Isso sem contar os Estaduais que ele enfileirou a serviço do Bragantino, Palmeiras, Corinthians, Santos e Cruzeiro. Após a passagem pelo Real Madrid, em 2005, no entanto, os títulos de vulto nacional não vieram mais. Agora, no Cruzeiro, ele tem a chance de ressurgir para os holofotes resgatando a equipe cruzeirense da segunda divisão.
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