A vitória corintiana pela vantagem mínima no primeiro duelo obriga agora o Palmeiras a superar o Corinthians com um triunfo por dois gols de vantagem para ficar com o título. O jogo acontece às 21 horas deste domingo, na Neo Química Arena.
Personagem da primeira decisão, Gabi Portilho sabe bem a trajetória espinhosa que precisou percorrer para ser atualmente uma das destaques da equipe. Essa brasiliense de 26 anos espera ser decisiva novamente para ajudar a manter o título brasileiro no Parque São Jorge.
De origem humilde, Gabi viu no futebol a chance de ajudar a família. E a escolha para cumprir esse objetivo foi, em plena adolescência, desbravar outros territórios a fim de mostrar seu talento nos gramados. “Na época não era nem um objetivo querer ser atleta de alto rendimento, meu sonho era conseguir ajudar em casa”, disse a atacante corintiana em entrevista exclusiva ao Estadão.
INÍCIO NO SUL E PASSAGEM PELA ESPANHA – Sua primeira parada após sair de Brasília foi o Sul do país. Em Santa Catarina, defendeu o Olympia, o Jaraguá e o Joinville. Em 2012, já ganhou visibilidade ao marcar 22 gols em dez partidas no Campeonato Catarinense. Mas à medida em que estufava as redes adversárias, Gabi tinha também que encontrar forças para superar uma batalha interna. Com a depressão, ela pensou em abandonar o futebol.
“A maior dificuldade foi ter que ficar longe da minha família para ir atrás de uma vida melhor para eles. Era muito nova. Foram muitas adversidades, fora o preconceito, e confesso que pensei em desistir. Mas por outro lado, esses momentos difíceis me tornaram mais forte. Aprendi a ser resiliente. Percebi que momentos ruins servem como lições. Desistir nunca será uma boa opção. Graças a Deus eu continuei, se não, não estaria vivendo um momento como esse no futebol”, disse.
No Corinthians desde janeiro de 2020, ela tem um currículo de títulos considerável. Além do bicampeonato catarinense pelo Avaí Kindermann, também faturou o Estadual do Amazonas pelo 3B da Amazônia. No Parque São Jorge, vieram mais dois troféus no ano passado: o de campeão paulista e brasileiro. Sua odisseia pelos campos de futebol inclui ainda uma passagem de duas temporadas no Madrid CFF, da Espanha. Uma lesão no joelho, no entanto, acabou precipitando o seu retorno ao Brasil.
CONSELHO DA AVÓ E MENTALIZAÇÃO – Focada no jogo decisivo contra o Palmeiras, Gabi revelou que, no seu “ritual” de preparação para as partidas, têm um toque familiar que ela diz ser indispensável. “Toda vez que entro no campo, faço o que minha avó ensinou: peço proteção e direção e, depois de tudo, coloco a mão no coração.” Gabi disse também se preparar psicologicamente antes de pisar no gramado. “Mentalizo os lances que eu posso fazer e vejo vídeos do adversário”.
Apoiada na sua boa fase, ela segue como uma das armas corintianas. Prova disso é seu retrospecto recente. Nos últimos cinco jogos do Corinthians no Brasileiro, Gabi foi eleita a melhor em campo em três oportunidades.
Desinibida com a bola nos pés, a jogadora se considera introvertida, embora não dispense uma boa brincadeira. Já em casa, além de estudar, sua principal diversão é a televisão. “O ambiente é muito bom. Em alguns momentos sou mais descontraída, conto uma piadinha aqui, outra ali. Mas no geral sou mais quietinha. Em casa gosto de novelas e séries. Em momentos de decisão, a minha rotina é treinar e descansar”, comentou.
AQUECIMENTO – Em meio ao clima de decisão do Brasileiro Feminino, Palmeiras e Corinthians acabaram se enfrentando na última quarta-feira, no Allianz Parque, em jogo válido pela sexta rodada da fase de classificação do Campeonato Paulista. Os dois treinadores preservaram algumas de suas titulares visando a decisão nacional e o derby acabou empatado por 1 a 1.
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