Em todo Mato Grosso do Sul, parte de Minas Gerais, na maior parte do Paraná e no sudoeste paulista, a média de chuvas ficou pelo menos 30% abaixo do esperado. “Estamos com baixo volume de chuvas nos últimos 60 dias e as lavouras de milho já apresentam perdas significativas de produção. Posso dizer que, em 40% da área cultivada, vou salvar a metade da produção esperada. No restante, as perdas serão maiores do que 60%”, disse o produtor Valdir Fries, de Itambé, no Paraná.
Segundo ele, houve uma ocorrência de chuva com baixo volume em meados de abril e outra chuva fraca há 15 dias, insuficiente para melhorar as reservas hídricas do solo. O Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral) disse que muitos produtores rurais já estão acionando o seguro em função das perdas na segunda safra do milho, também conhecida como safrinha. Na região de Apucarana, sindicatos rurais mobilizam os produtores para o recebimento dos seguros.
Na região de Capão Bonito, interior de São Paulo, a escassez de chuvas também preocupa os agricultores. “Aqui tem acontecido chuvas com pouco volume, menos do que nos anos anteriores, mas ainda não houve um impacto muito forte nas lavouras. O problema é que as nascentes estão fracas para o uso de irrigação, quando ela for necessária”, disse o produtor Emílio Kenji Okamura.
No sudoeste paulista, a falta de chuvas causou redução de 23% na área cultivada com o feijão. Quem plantou, enfrentou problema com a estiagem. “Esperava colher 80 sacas (60 kg) por hectare, mas não vou chegar a 40. O feijão começou com bom desenvolvimento, mas faltou chuva na floração e as vagens não encheram como se esperava”, disse o agricultor João Floriano, do município de Itaberá. A colheita está prevista para a primeira quinzena de junho.
No Estado de Mato Grosso, segundo monitoramento da Conab, a falta de chuvas já afeta a safra de milho, mas as lavouras ainda podem se recuperar se houver a regularização do clima. Em Mato Grosso do Sul, no entanto, as perdas já são irreversíveis. Pelo menos 75% das lavouras já apresentam perdas, que ainda podem se tornar mais severas. Nas lavouras do produtor Higino Hernandes, de Rio Verde, a quebra na produção passa de 50%. “As plantas que estão no enchimento de grãos e não encontram umidade no solo produzem espigas pequenas, com grãos chochos”, afirmou.
Em Goiás, além das perdas já ocasionadas pela falta de chuvas, o prolongamento da estiagem prejudica a reserva de água para irrigação. A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) está orientando os agricultores a estocarem água em tanques e bacias de contenção. “As chuvas têm vindo fortes, mas escassas e a água mais escoa do que infiltra no solo. Temos de aproveitar essa água e fazer o uso racional para irrigação”, disse o gestor de agricultura irrigada, Vitor Hugo Antunes.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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