A movimentação de Lula e Ciro ocorre em meio à indefinição do presidente Jair Bolsonaro na escolha de um partido para abrigar seu projeto de reeleição e ao cenário ainda aberto na “terceira via”, que, além de Ciro, soma mais 10 possíveis nomes para a disputa do ano que vem.
No PT, há a determinação para que seja dada prioridade à disputa presidencial e à formação de uma bancada robusta na Câmara dos Deputados. Para isso, diferentemente do que ocorreu nas eleições de 2018 e de 2020, os petistas devem ceder espaço nos Estados para outras candidaturas. “A prioridade é Lula”, disse o vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá.
Agora, o partido deve ter nomes próprios apenas em Estados específicos. Dos quatro governadores que tem hoje, somente Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, pode se reeleger. Os demais estão no segundo mandato. Nos casos de Bahia e Piauí, outros petistas devem encabeçar as chapas que tentarão suceder a Rui Costa e a Wellington Dias.
NORDESTE
No Ceará, a ideia é que o governador Camilo Santana seja candidato ao Senado – enquanto o PT pode apoiar o PDT na eleição para o Executivo local. A situação, porém, está indefinida por causa do embate público entre Lula e Ciro. A candidatura pedetista ao governo deve ser encabeçada por Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza. Na Bahia, o PT tentará manter o governo com o senador Jaques Wagner.
Em Pernambuco, por sua vez, petistas falam em “trégua” com o PSB. Pela adesão à candidatura de Lula, estudam uma aliança local para apoiar a candidatura pessebista ao governo estadual. Para 2022, o PSB tem um novo ativo no terceiro maior colégio eleitoral do País, o Rio – que está incluído no pacote de acenos a Lula. O deputado Marcelo Freixo deixou o PSOL para buscar o “centro” na disputa fluminense. Próximo do ex-presidente, Freixo busca apoio do PT para ampliar sua aliança e já é considerado como o principal palanque do petista no berço político de Bolsonaro.
Minas também é peça fundamental na estratégia petista, com a aproximação do PSD de Gilberto Kassab. A legenda tem o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, que deve concorrer ao governo estadual. No Rio, filiou o prefeito Eduardo Paes. Agora, contudo, Kassab tem defendido a candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), à Presidência, o que pode atrapalhar os planos petistas. Ainda assim, Lula e Kassab têm mantido conversas.
‘PONTUAIS’
O PDT aposta em nomes próprios nos Estados, com alianças pontuais apenas em locais com “forças políticas” já estabelecidas. No Rio, já está colocado o nome do ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves. No Rio Grande do Sul, a sigla aguarda uma resposta do presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Junior.
Em São Paulo, o cenário é indefinido. Pedetistas são simpáticos ao ex-governador Geraldo Alckmin, que deve trocar o PSDB pelo União Brasil, resultado da fusão entre DEM e PSL. Ao mesmo tempo, mantêm conversas com Guilherme Boulos (PSOL). Em Minas, o PDT cogita apoiar Kalil, mas também corteja o ex-prefeito Márcio Lacerda.
O PDT deve ceder na Bahia, onde o partido poderá apoiar o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), e em Pernambuco, seja para apoiar o PSB ou para aderir à candidatura de Miguel Coelho (DEM), filho do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB). “Todos nossos apoios têm que ter como contrapartida algum apoio ao Ciro”, afirmou o presidente do PDT, Carlos Lupi.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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