“Ainda não se pode afirmar que essa tendência é sustentada, isto é, que vai ser mantida ao longo das próximas semanas, ou se estamos vivendo um período de flutuações em torno de um patamar alto de transmissão, que se estabeleceu a partir de março em todo o País”, alertam os pesquisadores.
Segundo o boletim, a redução da mortalidade pode ser consequência do avanço da campanha de vacinação, que abarcou os grupos mais vulneráveis, como os idosos, em um primeiro momento. O ritmo da campanha nacional de vacinação e a demora federal para comprar doses foram motivos de crítica contra a gestão Jair Bolsonaro, investigada na CPI.
Nas últimas semanas, a vacinação nacional teve o reforço de novos imunizantes – como o da Pfizer e da Janssen -, mas o País ainda convive com episódios de desabastecimento em postos de saúde, como ocorreu na cidade de São Paulo em junho.
O texto, porém, ressalta que mesmo com a diminuição de casos, muitos Estados ainda registram alta incidência de ocorrências críticas de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – em particular nas regiões Centro-Oeste, Sul e parte do Sudeste. Com a pandemia, a maioria dos casos de SRAG são depois diagnosticados como infecções pelo novo coronavírus.
Maior parte das regiões tem queda de ocupação das UTIs
Após o colapso do sistema de saúde no primeiro semestre, com problemas de falta de oxigênio, leitos e remédios para intubação, é possível ver melhora da pandemia nos hospitais. A maior parte dos Estados apresentou queda na taxa de ocupação de leitos. Os destaques são Tocantins (de 90% para 71%), agora na zona de alerta intermediário, e Sergipe (de 88% para 56%), fora da classificação de alerta, conforme os parâmetros da Fiocruz. Roraima (97%), foi o único Estado a registrar taxa superior a 90%, considerada crítica.
A maioria das capitais está na zona de alerta intermediário ou fora da zona de alerta. Apenas seis estão enquadradas na categoria de alerta crítico: Boa Vista (97% de taxa de ocupação), São Luís (83%), Rio (83%), Curitiba (85%), Goiânia (85%) e Brasília (82%).
Cai média de idade dos pacientes
O levantamento estabelece um novo perfil etário entre os contaminados. Na primeira semana de janeiro, os idosos eram maioria entre os casos de internação, 63,4%, e mortes, 81,3%. Agora, com o grupo mais velho vacinado, eles são 28,3% das internações e 52,3% das mortes.
A redução da doença entre os mais velhos e aumento entre os mais jovens é refletida pelos dados de ocupação proporcional de leitos por faixa etária. Nos últimos seis meses, houve redução de 63,73% entre os pacientes com mais de 90 anos e aumento de 198,13% entre os de 20 a 29 anos.
Para os pesquisadores, essa tendência traz novos desafios no enfrentamento à pandemia. Entre eles, garantir a cobertura vacinal no maior estrato populacional do Brasil, de 30 a 59 anos, e identificar novas situações específicas de vulnerabilidade.
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