Os aumentos ocorrem após meses consecutivos de alta do preço do petróleo no mercado internacional. A estatal nega, porém, que estivesse segurando os preços dos combustíveis como forma de ajudar politicamente o governo federal.
A empresa diz que continua praticando valores equivalentes aos dos importadores, que concorrem com ela pelo fornecimento interno. Os critérios de reajuste seriam as variações da commodity nas principais Bolsas de negociação e também do real frente ao dólar. Além disso, a Petrobras diz considerar os custos logísticos dos seus competidores, que pagam pelo frete do navio para transportar os combustíveis até o Brasil e pela infraestrutura de armazenamento e escoamento dos produtos no mercado interno.
Ao mesmo tempo, a empresa diz que não pretende repassar para os consumidores volatilidades momentâneas provocadas por eventos pontuais no mercado internacional. Por isso, os reajustes da gasolina e do diesel estariam acontecendo em prazos mais longos, na atual gestão, segundo a empresa. “O alinhamento dos preços ao mercado internacional é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras”, afirma a Petrobras, em nota.
Os argumentos da Petrobras são, no entanto, refutados pela Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom). Segundo a entidade, a empresa acumulava uma defasagem elevada até anunciar o reajuste ontem. O preço da gasolina estaria 12% abaixo dos do mercado internacional e o do diesel, com 7,3% de diferença. Essa política estaria impedindo a competição interna, de acordo com a associação.
“As defasagens calculadas pela Abicom não foram eliminadas, mas o anúncio de reajuste pela Petrobras foi uma boa sinalização para o mercado”, afirmou Sérgio Araújo, presidente da Abicom.
Ontem, o barril da commodity subiu mais uma vez, com a notícia de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) não conseguiu chegar a um acordo sobre a retomada gradual de sua produção. Com isso, o contrato mais líquido do petróleo do tipo Brent, negociado em Londres, superou a marca de US$ 77 pela primeira vez desde outubro de 2018.
Diferentemente do que acontece com os combustíveis automotivos, o preço do gás de cozinha permanece numa escalada de alta ao longo deste ano. O reajuste de 6% anunciado ontem pela Petrobras é o sexto desde o começo do ano. Com mais essa alta, o produto passa a custar R$ 46,80 nas refinarias, R$ 2,60 mais que em junho. Por conta do apelo social do gás de cozinha, a cobrança de PIS e Cofins foi suspensa pelo governo.
Isso não tem impedido, no entanto, que o combustível chegue a custar mais de R$ 100 em algumas cidades.
Intervenção
O general do Exército Silva e Luna tomou posse em abril, no lugar de Roberto Castello Branco. Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, o militar entrou na empresa com o desafio de conduzir a política de preços dos combustíveis, motivo do desentendimento entre o ex-chefe da estatal e Bolsonaro.
Com reajustes seguidos dos combustíveis e se tornando alvo de críticas, Bolsonaro passou a usar desde fevereiro suas lives semanais na internet para atacar Castello Branco.
O executivo, no entanto, optou por permanecer à frente da companhia até abril, quando um novo conselho de administração tomou posse. No dia 19 de abril, Silva e Luna assumiu a presidência da empresa estatal. (Colaborou Gabriel Bueno da Costa)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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