Comer é um ato político

Você já pensou que comer vai muito além da fome? Parou para analisar como você come e como as refeições influenciam na sua vida social, financeira e política? Já pensou que mais da metade das famílias está em situação de instabilidade alimentar?

Muitas vezes usamos a comida como motivo para encontros sociais. Compartilhar uma mesa rodeada de amigos é uma das situações mais agradáveis da vida, e nessa hora a gente quase não conta calorias. É na cozinha, enquanto se cozinha, ou em volta de uma mesa, que os pais, por exemplo, se atualizam da vida dos filhos, que os amigos colocam o assunto em dia, que casais se apaixonam.

Por outro lado, a comida está intimamente ligada a imagem que se reflete no espelho. Os padrões de beleza fazem com que as pessoas se sintam na obrigação de adotar dietas restritivas para ter um corpo socialmente desejável. Surge, aí, um grande problema de saúde pública: os distúrbios alimentares. Conseguimos perceber que, em muitos casos, a imagem é muito mais importante que a saúde mental.

Outro problema mundial de saúde é a obesidade. As intensas jornadas de trabalho e os baixos salários popularizaram os alimentos ultraprocessados, cheios de conservantes, ricos em sódio e açúcares, mas muito fáceis de preparar e baratos. Visto primeiramente como uma ótima opção na correria do dia a dia, hoje sabe-se que são grandes vilões. Para agravar, a alta carga de estresse é gatilho para a compulsão alimentar de diversas pessoas, que acabam consumindo esse tipo de comida sem moderação. O resultado é mais da metade da população mundial com sobrepeso.

Na outra via, temos os alimentos orgânicos, produzidos sem agrotóxicos pela agricultura familiar, que movimenta a economia local, promove saúde aos consumidores e evita a emissão de CO2 ao não necessitar de transporte em grandes distâncias. Infelizmente, nem todo mundo tem tempo para cozinhar sua própria comida ou da sua família, mas esse é um movimento que voltou a crescer durante a pandemia, apontando para uma das grandes vantagens do home office.

Há também movimentos como o veganismo, que se preocupa com o bem-estar animal e a conservação ambiental, apontando para a pecuária como um dos agentes que mais degradam o planeta.

Sério também é o fato de que cerca de que, no Brasil, mais de 50% dos alimentos são desperdiçados desde a colheita até o fim da refeição enquanto quase 60% das famílias brasileiras vivem em instabilidade alimentar.

Isso é apenas alguns dos fatores que tornam comer um ato político. Pensar em todos esses aspectos ao escolher o tipo de alimentação coloca à mesa pode tornar o nosso mundo melhor.

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