As águias são aves maravilhosas, que têm muito em comum com as mães quando se trata sobre a criação dos filhos.
Em primeiro lugar, ela coloca o ninho dos filhotes longe dos predadores, buscando os lugares mais altos para que ninguém alcance enquanto seus bebês forem vulneráveis.
Em segundo lugar, a águia ensina os seus filhos pelo exemplo. Águias bebês aprendem a voar, principalmente, observando seus pais.
Para incentivar as jovens águias que não mostram interesse neste processo, os pais, às vezes, voam ao redor do ninho com um alimento em suas garras.
Ainda que a comida seja um grande motivador, as jovens águias são curiosas sobre o mundo e gostam de imitar os pais. Empoleirando-se em um galho próximo com uma refeição nas patas, a mãe águia está incentivando em seus jovens o senso de curiosidade — e seu apetite —, até que o filhote comece a sair do ambiente seguro do ninho e siga a sua própria vontade.
Em terceiro lugar, a águia aplica disciplina adequada aos filhos na hora certa. Quando o filhote da águia não obedece o comando para voar, e mesmo diante do exemplo se nega a sair do ninho, ela remove toda a penugem do ninho e deixa apenas os espinhos pontiagudos para provocar o filhote a sair.
O quarto e mais importante ponto: a águia nunca abandona, assusta ou castiga seus filhotes.
Isso vai contra o mito popular de que as águias empurram seus filhotes para fora do ninho quando o filhote se recusa a sair, em uma medida radical muito difundida. Muito difundida como aconselhamento à criação mais conservadora, a lenda diz que “a águia pega o filhote do ninho com as suas possantes garras e o joga das alturas para o chão. Aquele filhote que nunca voou sozinho, cai de ponta cabeça, desesperado; e ela deixa. Quando o filhote está para espatifar-se ao chão, ela o toma novamente e o leva de volta para as alturas e novamente o arroja de lá. E faz isso, duas, cinco, dez vezes, até que o filhote aprende a voar sozinho. A lei da águia é: meu filho tem que ser meu discípulo”.
Contudo, a águia não desiste do filho, mas de uma outra forma, muito mais parecida com as mães humanas: os filhotes de águias começam a aprender a voar — um processo conhecido como fledging (iniciação ao voo) — quando têm apenas dois ou três meses de idade, embora águias que não compartilham o ninho com outros irmãozinhos possam começar a aprender mais cedo.
Ironicamente o filhote da águia não é tão corajoso como quando já se encontra na idade adulta. Para que o filhote aprenda a voar, é necessário um pouco de paciência da mãe águia, até porque é preciso considerar que a altura do ninho é, no mínimo, aterrorizante, já que é sempre no ponto mais alto de um penhasco, onde tudo em volta é abismo.
Quando o filhote de águia está aparentemente preparado para voar, a mãe o posiciona em um local estratégico e o induz. Esse por sua vez salta, tenta se equilibrar e até arrisca tortos e pequenos vôos, mas ainda precisa deixar o medo de lado e praticar um pouco mais para voar como uma águia.
A mãe p está sempre atenta a todos os movimentos do filhote e, quando esse apresentar um desequilíbrio incomum, como cair em vôo ou qualquer outro risco, a mãe rapidamente o resgata e traz de volta ao ninho.
Essa cena se repete por diversas vezes e também com os outros filhotes até que em um dia imprevisível a pequena águia perde o medo que o segurava embaixo das asas da mãe e alça seu primeiro vôo.
Normalmente esse processo leva dois meses. Durante a aprendizagem, a maioria delas cai no chão, algumas se ferem e até mesmo morrem. Os pais da pequena águia geralmente continuam a alimentar e cuidar dos filhotes que caíram no chão até que os bebês aprendam.
Entre o quarto a sexto mês, todas as jovens águias devem voar sem supervisão.
As águias ficarão perto do ninho enquanto estiverem aprendendo a voar, contudo, quando este recurso estiver dominado, elas voarão mais longe e a maioria não permanece perto da área onde nasceram.
Os filhos são como águias:
ensinarás a voar,
mas não voarão o teu vôo.
Ensinarás a sonhar,
mas não sonharão os teus sonhos.
Ensinarás a viver,
mas não viverão a sua vida.
Mas em cada vôo,
em cada sonho
e em cada vida,
permanecerá para sempre
a marca dos ensinamentos recebidos.
Madre Teresa de Calcutá