A escolha do novo Papa da Igreja Católica é um dos processos mais tradicionais e solenes do Vaticano, carregado de simbolismo, história e rigorosos protocolos. Quando um Papa falece ou renuncia, como ocorreu com Bento XVI em 2013, tem início um processo conhecido como conclave, no qual os cardeais da Igreja se reúnem para eleger o novo Sumo Pontífice.
Neste artigo, você entende em detalhes como é feita a escolha do Papa, quais são os critérios, como funciona o conclave e as principais curiosidades históricas sobre as eleições papais ao longo dos séculos.
O que é o conclave?
O conclave (do latim cum clave, que significa “com chave”) é a reunião fechada e secreta dos cardeais eleitores da Igreja Católica, realizada na Capela Sistina, no Vaticano. Esse processo é regulamentado pela Constituição Apostólica mais recente, Universi Dominici Gregis, promulgada por João Paulo II em 1996, e com alterações posteriores feitas por Bento XVI e Francisco.
Durante o conclave, os cardeais ficam isolados do mundo exterior, sem acesso a meios de comunicação, visitas ou qualquer influência externa, até que um novo Papa seja eleito.
Quem pode votar e ser eleito Papa?
Atualmente, somente cardeais com menos de 80 anos na data da vacância do papado podem participar como eleitores. Esse grupo é conhecido como Colégio de Cardeais Eleitores, que hoje conta com cerca de 120 membros (número pode variar).
Embora o Papa normalmente seja escolhido entre os cardeais, qualquer homem batizado e católico pode, teoricamente, ser eleito Papa. No entanto, essa possibilidade é meramente teórica — todos os Papas dos últimos séculos foram cardeais.
Como é o processo de eleição?
O conclave é iniciado após a Missa Pro Eligendo Papa, celebrada na Basílica de São Pedro. Depois, os cardeais seguem em procissão até a Capela Sistina, onde juram segredo absoluto sobre o processo. A votação ocorre da seguinte forma:
- Votação em cédula secreta: Cada cardeal escreve o nome do candidato escolhido.
- São necessárias duas votações pela manhã e duas à tarde, até que um nome atinja dois terços dos votos.
- As cédulas são queimadas após cada votação. A fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina indica o resultado:
- Fumaça preta: Nenhum Papa foi eleito.
- Fumaça branca: Um novo Papa foi escolhido.
Após a eleição, o escolhido é questionado: “Aceitas tua eleição canônica como Sumo Pontífice?”. Caso aceite, ele escolhe seu nome papal — tradição iniciada por João XII no século VI.
O que acontece após a eleição?
Depois de aceitar o cargo, o novo Papa é conduzido à Sala das Lágrimas, onde veste os paramentos papais preparados em três tamanhos. Em seguida, ele retorna à Capela Sistina para receber a obediência dos cardeais.
O anúncio ao público é feito pelo cardeal protodiácono com a tradicional frase em latim:
“Habemus Papam” — “Temos um Papa”.
Logo após, o novo Papa aparece na Sacada Central da Basílica de São Pedro e concede a primeira bênção: Urbi et Orbi (“à cidade e ao mundo”).
Curiosidades históricas sobre eleições papais
- Conclaves longos: O mais longo conclave da história ocorreu em Viterbo, entre 1268 e 1271, durando quase três anos. Os cidadãos locais chegaram a trancar os cardeais e retirar o telhado do local para forçar uma decisão.
- Papas não cardeais: O último Papa eleito sem ser cardeal foi Urbano VI, em 1378.
- Nome mais comum: O nome mais escolhido pelos Papas é João, seguido de Gregório e Bento.
- Renúncias papais: Além de Bento XVI, o último Papa a renunciar antes dele foi Celestino V, em 1294.
- Papas fora da Itália: Desde o século XVI, todos os Papas eram italianos até a eleição de João Paulo II (polonês), em 1978, Bento XVI, alemão, em 2005 e Francisco, argentino, em 2013.
Como foram os três últimos conclaves
Francisco – 2013
O conclave que elegeu o argentino Jorge Mário Bergoglio, em 2013, foi curto. Após a renúncia do papa Bento XVI, em 11 de fevereiro daquele ano, o Vaticano convocou os cardeais para a eleição.
O conclave foi realizado nos dias 12 e 13 de março, e Francisco foi eleito em três votações.
Bento XVI – 2005
Na eleição do alemão Joseph Ratzinger, em 2005, a escolha também não durou muito tempo. O conclave teve início em 18 de abril e terminou no dia seguinte. Foram necessárias quatro votações para se chegar ao número necessário para a eleição, de 2/3 dos votos.
João Paulo II
Mais antigo, o conclave de João Paulo II foi realizado em 1978. A escolha foi feita nos dias 25 e 26 de agosto, na Capela Sistina no Vaticano.
Conclave mais longo
Entre a morte de Clemente IV (1268) e a eleição de Gregório X, em 1º de setembro de 1271, foram 34 meses de Conclave. O maior da história. Inclusive, o termo conclave – que significa “com chave” – nasceu naquela época.
Os cardeais estavam demorando demais para decidir quem seria o eleito e, então, o governador da cidade de Viterbo decidiu trancá-los para que eleição acontecesse. Eles chegaram a ter, inclusive, racionamento de comida e bebida.
Pressionados, com fome e com sede, decidiram pelo arquidiácono de Liège, Teobaldo Visconti, que não era cardeal. E ele escolheu o nome de Gregório X.
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