Condições climáticas entre as principais hipóteses para o acidente do ATR-72 500

As condições climáticas adversas estão sendo consideradas uma das hipóteses mais prováveis para explicar a queda do avião ATR-72 500 da Voepass Linhas Aéreas, que deixou 62 mortos em Vinhedo, no interior de São Paulo, nesta sexta-feira, 9 de agosto. A aeronave, que partiu de Cascavel, no Paraná, com destino a Guarulhos, São Paulo, tinha 58 passageiros e quatro tripulantes a bordo. Infelizmente, não houve sobreviventes, tornando-se o acidente aéreo com o maior número de vítimas no Brasil desde 2007.

Indicativos de Perda de Sustentação

Imagens capturadas no momento da queda mostram a aeronave girando em um “parafuso chato”, uma posição que, segundo especialistas, indica uma perda de sustentação, conhecida como “estol”. Laert Gouvêa, diretor do Instituto Brasileiro de Segurança na Aviação, explica que essa perda de sustentação pode estar associada à formação de gelo nas asas do avião, um fenômeno que ocorre em altitudes intermediárias, particularmente entre 14 mil e 24 mil pés, onde a aeronave estava voando.

Gouvêa destaca que o modelo ATR-72, utilizado para voos regionais, opera frequentemente em altitudes onde a formação de gelo é mais provável, especialmente em condições de frentes frias. O gelo acumulado nas asas pode fazer com que a aeronave perca sustentação, resultando em uma queda. Mesmo com sistemas de degelo a bordo, a quantidade de gelo pode ser tão significativa que o sistema pode não ser capaz de removê-lo completamente, afetando o controle da aeronave.

Análise de Especialistas

Roberto Peterka, especialista em segurança de voo, também acredita que o avião sofreu um estol, o que levou ao parafuso chato. Ele explica que, em tal situação, seria extremamente difícil para o piloto recuperar o controle, especialmente em um curto espaço de tempo e com a possível presença de gelo nas asas.

Por outro lado, Lito Sousa, consultor em segurança aérea, ressalta que, embora a formação de gelo seja uma possível causa contribuinte, é necessário aguardar o resultado das investigações. Sousa explica que, em caso de gelo nas asas, o piloto pode tentar manobras específicas, como descer em alta velocidade para derreter o gelo, mas alerta que vários fatores podem ter contribuído para o acidente.

Maurício Franklin Pontes, investigador de acidentes aeronáuticos, enfatiza a importância de evitar especulações prematuras. Ele lembra que, em incidentes passados, conclusões precipitadas sobre as causas de um acidente muitas vezes estavam erradas. Pontes reforça que é essencial aguardar a recuperação e análise das caixas-pretas para entender a dinâmica completa do acidente.

Segurança e Regulação na Aviação

Celso Faria de Souza, perito criminal e especialista em aviação, destaca que a manutenção em linhas aéreas é altamente regulada e que os pilotos são submetidos a rigorosos treinamentos em simuladores, onde enfrentam situações complexas, incluindo falhas de sistemas. Ele afirma que esses procedimentos e treinamentos criam barreiras importantes que normalmente impedem a ocorrência de acidentes desse tipo, o que reforça a necessidade de uma investigação detalhada para determinar as causas exatas da tragédia.

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As investigações sobre a queda do ATR-72 500 continuam, com especialistas buscando entender todos os fatores que contribuíram para o acidente. A recuperação das caixas-pretas será fundamental para esclarecer as circunstâncias que levaram à queda e evitar futuros incidentes semelhantes.


Fonte: estadao.com.br

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