O diretor de um jornal confiou ao seu melhor jornalista uma matéria sobre como consertar o mundo. Deu-lhe três dias de folga para refletir. Ao chegar em casa, o jornalista disse à esposa que ganhara três dias de folga e iriam passear. No final do terceiro dia, o jornalista foi para seu escritório, em sua casa, para redigir a matéria. Estendeu o mapa do mundo, buscando inspiração. Nisto entrou na sala sua filhinha de seis anos. Havia encontrado uma flor de diversas cores e queria saber a causa dessa diversidade. Para livrar-se da menina, o pai pegou o mapa, rasgou-o em dezenas de pedaços e mandou que a filha montasse de novo o mapa, depois daria a explicação.
Passaram-se alguns minutos e, para espanto do pai, a filha voltou com o mapa completamente restaurado. Surpreso, quis saber como a filha havia conseguido, com tanta rapidez, reconstituir o mapa. É que atrás do mapa, explicou a filha, havia o desenho de um homem. Eu consertei o homem e acabei consertando o mundo.
Esta historinha é cheia de sentido. Muitos se preocupam em consertar o mundo. O problema é por onde começar. Uma velha discussão apresenta duas alternativas. Para alguns, basta mudar a pessoa, e as estruturas mudarão. Para outros, é preciso mudar as estruturas, assim, a pessoa mudará. As duas opiniões servem, mas não resolvem o problema. Para mudar o mundo, devemos começar por nós mesmos. Sem esse ponto de partida, o mundo continuará como é. Poderá até piorar. Facilmente acusamos os outros pelos desacertos do mundo. Eles são os responsáveis. Precisamos lembrar-nos que para os outros, eu faço parte dos outros. Logo, para os outros, eu sou o problema. Mas quem são eles? Com certeza, acabamos fazendo uma enorme lista! E, claro, eu fico fora!
A mudança é um processo e as pessoas precisam se envolver nesse processo. A mudança sempre tem um ponto de partida e um horizonte sem fim para alcançar. O começo funciona melhor a partir de pequenas coisas realizadas de forma coerente. Por exemplo, há tempo estamos sendo esmagados pelo rolo compressor da corrupção e a política parece encontrar-se num beco sem saída. Sabemos que o fortalecimento da política e da ética nacional depende da capacidade das instituições de investigar e responsabilizar eventuais envolvidos em irregularidades. Porém, para que se possa eliminar esta prática, cada um de nós deverá reduzir o espaço para a prática de qualquer pequeno tipo de corrupção. Como diz um velho ditado: “Não adianta amaldiçoar as trevas, é melhor acender uma luz”. Um edifício é feito de milhares de tijolos; a praia é composta de milhões de partículas de areia; e é com pequenas coisas, aparentemente insignificantes, que as coisas grandes e importantes acontecem.
A partir desse exemplo, é fácil entender que, se o mundo precisa ser reformado, isso deve partir de nós mesmos, com paciência, perseverança e usando os dons que o bom Deus colocou em cada um de nós. Entretanto, o tempo posto à nossa disposição é limitado, não podemos perder as ocasiões que se apresentam. É com elas que construímos a nossa vida e um mundo melhor.
Pe. Lino Baggio, SAC
Paróquia São Roque – Coronel Vivida
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