Na noite de quarta-feira (14) a construção do novo Paço Municipal voltou ao debate, mas dessa vez em audiência pública realizada na Câmara Municipal de Pato Branco.
Durante a audiência, conduzida pelo presidente do Legislativo, vereador Joecir Bernardi (PSD), foram ouvidas opiniões favoráveis e contrárias a realização da obra. Manifestaram-se líderes do governo, parlamentares, representantes de entidades, profissionais da área e cidadãos.
Na oportunidade, o prefeito de Pato Branco, Robson Cantu, afirmou que não pretende realizar a construção da nova prefeitura, mesmo que isso ocasione a perda do recurso de R$ 20 milhões repassados pelo governo do Estado. Cantu frisou que o recurso deverá ser realocado para outros setores, mesmo havendo a garantia legal de que não poderá ser utilizado de outra forma a não ser para a construção da nova prefeitura.
Outra perda para Pato Branco, com a decisão do Executivo, será o terreno que foi doado pela família Bortot, pois há cláusula contratual na doação que determina que o terreno retornará à família caso a nova prefeitura não seja construída.
Tanto o prefeito quanto os secretários que se pronunciaram na audiência pública frisaram que a atual gestão não vai priorizar atividades meios, da mesma forma que priorizará as atividades fins, conforme defendido pelo grupo durante a campanha eleitoral.
Prioridades
Em seu pronunciamento, Cantu sugeriu que fosse marcada uma terceira audiência pública, já que em quinze dias foram realizadas duas – uma para tratar sobre a construção da arena de esportes multiuso (dia 9) e esta sobre a construção da nova prefeitura –, mas dessa vez para debater sobre o teatro municipal.
Também falou sobre sua campanha eleitoral, que teve foco e pensamento diferenciado, sem luxo, mas com dignidade, trabalho e respeito ao ser humano, enfatizando que desde a campanha não era prioridade fazer a prefeitura agora.
“Temos que projetar Pato Branco para 2050, com estimativa de mais de 200 mil habitantes. Mas será que é importante discutir uma prefeitura agora? Queria estar discutindo com a Câmara para onde está indo essa verba; o por que eu fechei a creche do Industrial; por que temos mais de 1.200 crianças fora de creche; onde podemos construir três unidades avançadas de saúde; terminar o Contorno Norte e pedir desculpas aos quase trezentos pato-branquenses que não estão junto conosco. Faremos a prefeitura só depois que eu fizer isso que eu falei”, frisou Cantu, após elencar outras várias necessidades do Município que são prioridades na sua gestão.
Reutilização
A vereadora Maria Cristina de Oliveira Rodrigues Hamera (PV) é a favor da construção para que não haja perda do recurso. “O prédio antigo pode ser usado para implantar um centro de capacitação, programa autoemprego, centro de treinamento, encontros culturais, biblioteca, museu, para beneficiar moradores do centro e dos bairros, já que haverá ao lado o terminal urbano, assim como um centro de convivência para idosos, já que não há esse tipo de atendimento para os idosos que moram no centro.
“Se o dinheiro voltar para a Casa Civil não retorna para o Município, e se voltar não terá o mesmo objetivo”, enfatizou.
Política pública
O vereador Marcos Junior Marini (Podemos), também favorável à construção, destacou que é preciso pensar no desenvolvimento de Pato Branco, que precisa ser projetado para os próximos cinquenta anos. “A decisão de não fazer também é uma política pública, e essa gestão pode ser marcada pela política pública de não fazer”.
Devolução de verbas
Já o vereador Romulo Faggion (PSL) lembrou que as duas audiências públicas realizadas em menos de quinze dias foram para debater situações que envolvem a devolução de verbas públicas, situação inconcebível em se tratando de um período de pandemia onde há necessidade de recursos para se fomentar a economia.
Faggion ressaltou também que pela escritura a área tem destinação certa, ou seja, se não for construída a prefeitura, o terreno será perdido, além da verba. Lembrou ainda que houve dois eventos que marcaram a construção, o lançamento da pedra fundamental, em novembro de 2019, e um evento no palácio do governo do Estado, ambos com a presença e aval do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD).
Vetor de desenvolvimento
O vereador Eduardo Albani Dala Costa (MDB) destacou que a nova prefeitura representa mais dinheiro girando dentro da economia local, porque há o vetor de desenvolvimento na zona Norte. Segundo ele, o novo Paço Municipal vai atrair e fomentar outros setores, como cartórios e lanchonetes, além de melhorar o atendimento aos munícipes e as condições de trabalho dos servidores.
O vereador Januário Koslinski (PSDB) não participou da audiência pública, mas justificou a ausência através de ofício. Ele destacou no documento que é favorável a construção do novo Paço Municipal, porque acredita que Pato Branco precisa acompanhar o desenvolvimento dos setores e parar de pagar aluguéis.
Profissionais da área
Engenheiros e arquitetos também se manifestaram durante a audiência, favoráveis à construção. Eles destacaram a necessidade urgente de uma nova prefeitura, considerando dados técnicos e avaliações referentes ao desenvolvimento, projeção para o futuro, viabilidade viária e econômica, além de adequações à leis, como, por exemplo, a acessibilidade.
Isso porque, atualmente, algumas secretarias têm dificuldades para atender cadeirantes, porque as estruturas físicas não têm acessibilidade, como é o caso da Secretaria Municipal de Engenharia e Obras.