Para Barra Torres, a população “não deva se orientar por condutas” que vão nesse sentido. “Ela deve se orientar por aquilo que está sendo preconizado principalmente pelos órgãos que estão em linha de frente do enfrentamento da doença”, disse o presidente da Anvisa. “Pergunto, qual vossa senhoria avalia ter sido o impacto desse posicionamento do presidente da república em relação à vacinação no Brasil?”, foi o questionamento apresentado por Renan.
“Todo o texto que vossa excelência leu e trouxe à memória agora, ele vai contra tudo o que nós temos preconizado em todas as manifestações públicas, pelo menos aquelas que eu tenho feito, e aquelas que eu tenho conhecimento que os diretores e gerentes e funcionário da Anvisa tem feito”, respondeu Barra Torres.
“Então, entendemos, ao contrário do que você acabou de ler, que a política de vacinação é essencial, nós temos que vacinar as pessoas, entendemos também que não é o fato de vacinar que vai abrir mão de máscara, de isolamento social e de álcool gel imediatamente”, disse o presidente da Anvisa.
Barra Torres também afirmou que, apesar de sua “amizade” com Bolsonaro, a conduta adotada pelo presidente difere da sua. “Manifestações que faço têm sido todas no sentido do que a saúde determina”, disse.
O presidente da Anvisa destacou que, na última “live” em que participou ao lado do presidente, permaneceu de máscara o tempo todo – algo que, ele, foi inclusive ponto de “atenção” por parte da imprensa. “São formas diferentes de pessoas diferentes”, comentou.
Ofensa de Ricardo Barros
No depoimento à CPI, o presidente da Anvisa demonstrou como o órgão e seus servidores ficaram ofendidos com as declarações feitas pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), no início do ano. “Ouvir que não estão nem aí foi muito ruim. Não sou capaz de qualificar o quão ruim foi”, disse Barra Torres. “Os servidores se sentiram ofendidos. Eles já abriram mão de tudo que uma pessoa pode, como tempo livre e família”, comentou o presidente da Anvisa.
Em fevereiro, Barros, que foi ministro da Saúde durante o governo Temer, afirmou ao Estadão que iria pressionar politicamente a diretoria da Anvisa a eliminar exigências e agilizar a aprovação de vacinas contra a covid-19. O líder de Bolsonaro afirmou que os diretores da Anvisa estariam “fora da casinha” e “nem aí” para a pandemia.
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