A indústria foi o segundo segmento da economia que mais abriu vagas formais de trabalho (com carteira assinada) no Paraná no primeiro semestre de 2022. Foram 17.728 novas oportunidades, superadas apenas pelo setor de serviços, que no mesmo período empregou mais de 56.700 pessoas. O comércio vem na sequência, com 6.702 contratações, seguido por construção civil (5.970) e agropecuária (2.963).
No total, o estado gerou mais de 90 mil novas oportunidades nos primeiros seis meses deste ano, sendo o quinto que mais admitiu trabalhadores no Brasil. Na indústria, o estado foi superado por São Paulo (69,9 mil), Rio Grande do Sul (33,4 mil), Minas Gerais (26,0 mil) e Santa Catarina (24 mil) lideram o ranking nacional. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério da Economia (Novo Caged).
Mesmo com saldo positivo, a indústria registrou redução de 48% no ritmo de admissões em relação aos primeiros seis meses de 2021, quando abriu 33.779 novos postos. Para o economista Thiago Quadros, da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), essa desaceleração ocorre devido à forte retomada do setor após o período mais crítico da pandemia.
“Desde o segundo semestre de 2020, a indústria acelerou o ritmo de contratações para dar conta da demanda maior de produção das fábricas gerada pela retomada econômica, situação que se estendeu até o primeiro semestre do ano passado, com quase 20 mil empregos sendo criados somente em janeiro e fevereiro”, explica. “Agora, os números apontam para uma acomodação no quadro de colaboradores das empresas, já que muitas vagas já foram preenchidas recentemente. Mesmo assim, o saldo é positivo e o setor continua criando oportunidades, porém, com menor intensidade”, reforça.
Perfil, setores e regiões que mais empregaram
O perfil do trabalhador contratado não sofreu muitas mudanças. A maioria, 56%, são homens, 60% jovens entre 18 e 24 anos, e 75% têm Ensino Médio completo. Com o resultado, a indústria emprega atualmente 719 mil pessoas formalmente no Paraná. A remuneração média dos novos admitidos ficou em torno de R$ 1.876,33, 55% acima do valor do salário-mínimo nacional, em R$ 1.212,00, e superando a média dos valores pagos aos trabalhadores de outros segmentos da economia formal, atualmente em R$ 1.790,00.
Das 24 atividades industriais analisadas pelo Novo Caged, apenas duas acumulam saldo negativo: moveleiro (-620) e fabricação de outros equipamentos de transporte (-29). As que mais contrataram neste primeiro semestre de 2022 foram alimentos (2.827), confecções e artigos do vestuário (2.121), automotivo (1.907), máquinas e equipamentos (1.687) e fabricação de produtos de metal (1.438). “Linhas de produção de itens à base de carnes e o abate de suínos e aves puxaram o crescimento dos empregos no setor alimentício. Já no automotivo, a fabricação de peças e acessórios foi a que mais contratou. Já a produção de automóveis teve saldo negativo de 28 vagas no período. Também se destaca o setor de máquinas ligadas à atividade agroindustrial, responsável por mais de mil novas admissões no semestre”, avalia o economista da Fiep.
Os empregos se concentraram nas regiões mais industrializadas do estado, como Curitiba (1.212), São José dos Pinhais (1.087) e Cascavel (680), por conta do setor automotivo e de máquinas e equipamentos; Maringá (756), polo de confecções e vestuário; e Francisco Beltrão (573), resultado da forte atuação do setor alimentício. “Situação diferente do que acontece na divulgação dos resultados mensais, em que cidades menores se destacam por conta de contratações pontuais”, observa o economista.
As cidades que mais demitiram do que contrataram no primeiro semestre deste ano foram Arapongas (-386), devido ao desempenho do setor moveleiro; Cafelândia (-257), Jaguapitã (-238), Tapejara (-221), e Laranjeiras do Sul (-218).
“Uma característica dos dados de mercado de trabalho é que os desligamentos se concentram em setores mais sensíveis ao impacto de fatores de ordem macroeconômica, como inflação e taxa de juros altas”, avalia Quadros. Ele pontua que, além do país contabilizar mais de 9% da população economicamente ativa sem ocupação e renda, a remuneração média do brasileiro que trabalha caiu cerca de 5% no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo intervalo do ano passado.
“Com crédito mais caro para financiamento, preço dos produtos em constante elevação e diante da queda de rendimento, o brasileiro reduz o consumo para ajustar seu orçamento. Assim, as vendas em setores como moveleiro, eletrodomésticos e automotivo naturalmente são adiadas e caem. Da mesma forma, o setor de alimentos, embora essencial, sente a alta dos preços e a redução na demanda, já que as pessoas optam por substituir produtos tradicionais por outros itens mais baratos”, comenta.