Em balanço sobre a primeira semana do encontro, Gannoum avalia que o setor privado já entendeu que a descarbonização é “o negócio” a ser feito, ou não vai haver financiamento.
“Tenho uma leitura mais otimista, porque quando o mercado financeiro dita as regras do jogo, vemos que pode ser resolvido, que pode ter solução”, disse no podcast “Cabeça de Vento” nesta segunda-feira, 8, destacando a participação dos bancos multilaterais na COP-26.
Segundo ela, os maiores investimentos para a descarbonização serão feitos no segmento eólico, que vem crescendo exponencialmente por conta da evolução da tecnologia offshore (marítima). A tecnologia já é um caso de sucesso na Europa e agora avança nos Estados Unidos. E o Brasil não vai ficar de fora da nova onda.
Para atingir as metas do Acordo de Paris, assinado na COP-21, em 2015, e reforçado na atual edição da conferência, o mundo terá que aumentar em quatro vezes a atual geração eólica, informa Gannoum, e de maneira mais acelerada do que vinha ocorrendo.
Ela destaca que o Brasil ainda tem potencial na geração eólica onshore (em terra) de quatro vezes a necessidade de abastecimento de energia elétrica do País, o mesmo potencial da geração no mar, que já conta com projetos que somam 46 gigawatts (GW) em análise no Ibama.
“O ministro Bento (Albuquerque, de Minas e Energia) prometeu para dezembro o decreto, a regulamentação da geração eólica offshore, que terá um regime diferente da eólica em terra e vai atrair investidores distintos dos que atuam no onshore. Não estou escolhendo uma fonte em detrimento da outra”, explica.
Ela afirmou que o Brasil não tem ainda eólica offshore porque não precisa, e vai se beneficiar da queda de preços da tecnologia utilizada, que ganhou força nos últimos anos em países que não possuem mais espaço físico para instalar os aerogeradores.
Gannoum destacou ainda a importância da energia eólica para fabricação de hidrogênio, combustível candidato a substituir a energia fóssil no mundo. E, no caso da eólica offshore, terá a vantagem de não depender de conexões com linhas de transmissão para ser produzido.
“Podemos ter parques eólicos offshore produzindo hidrogênio e não demandar conexões, exportando diretamente do mar a energia para a produção sem linhas de transmissão. Desta maneira o Brasil vai poder exportar sua energia renovável”, concluiu a executiva.
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