A COP-28 chega ao seu momento derradeiro, com o advento da universalização das intempéries climáticas, suas complexidades cada vez mais portentosas, somos lançados cada vez mais a novos e diários desafios, muito difícil encontrar alguém que esteja alheio ao que está acontecendo no mundo, são situações cada vez mais duras e inquietantes, nossa querida Terra, berço de inúmeras civilizações se vê ameaçada mais do que nunca pela força humana descomunal, não tanto a força física, mas a força técnica que o humano colocou sobre os seus ombros. A COP-28 deveria ser uma ocasião para se rever toda a dessacralização que foi imposta ao meio ambiente, bem como uma hora adequada para abandonarmos de vez todo preconceito para com a Terra, em outras palavras, que ela é nossa inimiga, que ela precisa ser vencida; isso já não cola, sabemos que é bem o contrário.
Enquanto os holofotes diminuem, a COP-28 segue a passos de tartaruga, os grandes e incansáveis mentores dos combustíveis fósseis e outros tipos de energia poluentes, caminham como um raio, sempre buscando novas alternativas para não verem caírem por terra os seus projetos megalomaníacos, a verdade é que em plena realização da COP-28, mais de vinte países lançaram um forte manifesto para que seja triplicada até o ano de 2050 a energia nuclear, como se esse tipo de energia fosse a salvação para todos os problemas que enfrentamos. A energia nuclear é extremamente perigosa, um custo altíssimo, enfim com enorme risco para todos, não só no local onde elas estão implantadas, mas para todo o globo; seus lobistas nunca dizem as verdades que estão implicadas nesse tipo de energia, nunca olham para a história, nunca recordam Chernobyl, ou mesmo Three Mile Island.
No mesmo instante em que a COP-28 se desenvolve, o Brasil, num passe de mágica o senado federal aprovou de modo grotesco, nebuloso e infame o Projeto de Lei 1459/2022, popularmente conhecido como PL do Veneno, estarrecedor é sabermos que apenas um voto foi contrário a essa aprovação, um projeto já muito denunciado e questionado por diversos pesquisadores de várias áreas do saber; não bastassem os inúmeros poluentes que fazem parte do cotidiano do brasileiro, ficou agora mais fácil os agrotóxicos adentrarem em nossas casas, na nossa alimentação. Os que aprovaram tal projeto, realmente deram mostras que não conhecem absolutamente nada do assunto, estão mais preocupados em conquistarem lucros altíssimos no menor espaço de tempo, não se preocupam com a saúde dos brasileiros; infelizmente para esses nobres senhores fica evidente o quanto pior melhor.
Infelizmente, mais uma vez a participação do Brasil na COP-28, foi recheada de uma grande frustração, apesar dos discursos inflamados, lágrimas de crocodilo derramadas por alguns membros do governo, o Brasil anunciou ao mundo em alto e bom som que fará parte da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), uma contradição sem precedentes para quem se diz preocupado com a crise climática e o uso abusivo dos combustíveis fósseis; fica muito claro nessa questão que o Brasil de agora passa por um período onde os conflitos de interesses se avolumam, como podemos considerar o Brasil como um país sério, se logo após o término da COP-28, já no dia treze de dezembro, haverá aqui um indiscriminado leilão para empresas perfurarem novos poços de petróleo? O belo eufemismo “ajudar os pobres”, está por detrás dessa decisão perigosa e muito ambígua.
Nosso querido Brasil parece estar dando sinais que caminha para trás, está cada vez mais brincando com o fogo ao tomar decisões totalmente equivocadas e sem base cientifica alguma, o Brasil de agora, tão ávido em estar entre os países mais ricos, deixa de lado muitas questões vitais, não estuda, não tem precaução e muito menos faz uso da responsabilidade, um assunto por demais caro ao filósofo Hans Jonas. Alguns imaginam que o Brasil está acima dos outros países, que o Brasil é a salvação do mundo, quando na verdade não é bem assim, alguns se esquecem que o Brasil é uma parte, que ele faz parte do todo que é o Planeta. Nosso querido Brasil, para agradar gregos e troianos, bajula um, afaga outro, estende a mão, dá sorrisos encantadores, mas no final repete sempre o mesmo, ou seja, é pouco convincente, pouco confiável, não sabe na verdade quem é ele.
Bioeticamente, nosso amado Brasil deveria ter sido mais bem representado na COP-28, ter sido mais coerente, mais incisivo, e muito mais criativo, alguns que lá estiveram falaram demais e não disseram nada, o meio ambiente, a crise climática parece que foram assuntos de segunda ou terceira categoria, que não são tão relevantes assim, que não são tão ameaçadores como alguns dizem. O Brasil parece dar sinais que também está flertando com o negacionismo, que nada é mais importante do que o desenvolvimento econômico, custe o que custar. A COP-28, revelou ao mundo aquilo que já sabemos faz tempo. Que a maioria esmagadora dos seus integrantes estão amarrados entre si, um devendo favor para o outro, em menor ou maior escala, que o dinheiro e o mercado estão acima da vida e das pessoas. Infelizmente, na COP-28 não se fez presente de modo intenso, uma Black Friday para evitarmos o uso de combustíveis fósseis, para revermos nossas práticas assassinas em relação ao outro, para vivermos de maneira mais humana, solidária, pacifica e integral.
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