Em uma decisão que pegou o mercado financeiro de surpresa, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic, juros básicos da economia, em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano. A medida, anunciada nesta quarta-feira (11), ocorre em meio à alta recente do dólar, incertezas em torno da inflação e um cenário econômico global instável. A decisão foi unânime entre os membros do Copom.
Ritmo Acelerado
A elevação de 1 ponto percentual superou as expectativas do mercado, que esperava um aumento de 0,75 ponto. Em comunicado, o Copom atribuiu a decisão a incertezas externas e aos “ruídos” causados pelo pacote fiscal do governo. O órgão sinalizou que, caso o cenário atual se mantenha, a taxa Selic será elevada em mais 1 ponto percentual nas próximas duas reuniões, agendadas para janeiro e março, que já serão conduzidas pelo futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo.
Impacto Fiscal
O comunicado do Copom ressaltou que os recentes desenvolvimentos na política fiscal afetaram de forma significativa o mercado financeiro, impactando os preços de ativos, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. “Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa”, destacou o documento.
Ciclo de Contração
A alta da Selic marca um novo ciclo de contração na política monetária. Após um período de um ano com a taxa em 13,75% ao ano, entre agosto de 2022 e agosto de 2023, o Copom havia realizado sete cortes na Selic, totalizando uma redução de 3,25 pontos percentuais. No entanto, o Copom retomou a trajetória de alta da Selic nas últimas reuniões, em setembro e novembro, com aumentos de 0,25 e 0,5 ponto percentual, respectivamente.
Inflação Persistente
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial, apresentou uma desaceleração em novembro, chegando a 0,39%. Contudo, o acumulado de 12 meses atingiu 4,87%, superando o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, que era de 4,5%.
Previsões de Inflação
O Banco Central revisou para cima suas projeções para a inflação. A autoridade monetária agora prevê um IPCA de 4,9% para 2024 (acima do teto da meta), 4,5% em 2025 e 4% no acumulado em 12 meses no fim do segundo trimestre de 2026. As previsões do mercado também indicam um cenário inflacionário mais desafiador, com o boletim Focus apontando um IPCA de 4,84% para o fechamento deste ano, acima do teto da meta.
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Crédito Mais Caro:
A elevação da Selic deve impactar o custo do crédito para empresas e consumidores, tornando empréstimos e financiamentos mais caros. O objetivo é conter o consumo e a demanda, aliviando as pressões inflacionárias. Apesar do aumento dos juros, o mercado projeta um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,39% para 2024.
Funcionamento da Selic
A taxa Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos e serve como referência para as demais taxas de juros da economia. Ao elevar a Selic, o Banco Central busca conter o excesso de demanda que pressiona os preços, encarecendo o crédito e estimulando a poupança. Já a redução da taxa tem o efeito inverso, barateando o crédito e incentivando a produção e o consumo, mas com o risco de perda de controle sobre a inflação.
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