O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou, nesta terça-feira (6), a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, passando de 14,25% para 14,75% ao ano. A decisão, unânime entre os membros do colegiado, já era esperada pelo mercado financeiro e consolida o sexto aumento consecutivo da taxa básica de juros da economia brasileira.
Este é o maior patamar da Selic desde agosto de 2006. A medida é uma resposta às pressões inflacionárias, com destaque para os alimentos e a energia elétrica, além das incertezas quanto ao cenário econômico internacional.
Selic e inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para o controle da inflação, medida oficialmente pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em abril, o IPCA-15, considerado a prévia da inflação, subiu 0,43%, acumulando alta de 5,49% nos últimos 12 meses — valor acima do teto da nova meta contínua de inflação, que é de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Pelo novo regime, em vigor desde janeiro, o cumprimento da meta é avaliado mês a mês, com base no acumulado de 12 meses, e não apenas no fim do ano. Os dados do IPCA cheio de abril serão divulgados na próxima sexta-feira (9).
Sem sinal claro sobre os próximos passos
Em comunicado divulgado após a reunião, o Copom evitou dar pistas sobre os rumos futuros da política monetária, afirmando que o ambiente de elevada incerteza “exigirá prudência e flexibilidade” nas próximas decisões. O texto destaca que os efeitos do ciclo de ajuste ainda não foram totalmente absorvidos pela economia.
“O cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária”, informou o colegiado.
Segundo as projeções atualizadas do próprio Banco Central, a inflação deve fechar 2025 em 4,8%, ultrapassando o teto da meta contínua (4,5%). Para 2026, a estimativa é de 3,6%, dentro do intervalo permitido.
A projeção de crescimento do PIB em 2025 também foi revisada para baixo. O último Relatório de Inflação, divulgado em março, reduziu a estimativa de crescimento da economia brasileira para 1,9%. O mercado tem expectativa semelhante, com projeção de 2%, conforme o boletim Focus.
A elevação da Selic encarece o crédito e desestimula o consumo, contribuindo para reduzir a inflação. No entanto, também afeta negativamente o crescimento econômico, principalmente em setores dependentes de financiamento. Ao mesmo tempo, juros altos aumentam a atratividade da poupança e ajudam a conter a pressão da demanda sobre os preços.
A taxa básica de juros influencia diretamente outras taxas praticadas no mercado, como empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Ela também serve de referência para a remuneração dos títulos públicos negociados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic).
O próximo encontro do Copom está agendado para a segunda quinzena de junho, quando novos dados da inflação e da atividade econômica serão levados em conta para definir o rumo da taxa de juros.
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