O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, por unanimidade, nesta quarta-feira (31), manter a taxa Selic, os juros básicos da economia, em 10,5% ao ano. A decisão reflete a necessidade de manter a política monetária contracionista diante de um ambiente externo adverso e uma atividade econômica doméstica mais dinâmica do que o esperado.
Na reunião anterior, realizada em junho, o Copom havia interrompido o ciclo de cortes na taxa de juros que vinha sendo realizado desde agosto do ano passado. Entre agosto de 2023 e março de 2024, o Comitê reduziu a taxa Selic em 0,5 ponto percentual a cada reunião. Em maio de 2024, o corte foi de 0,25 ponto percentual, o que indicava uma desaceleração no ritmo de flexibilização monetária.
Justificativas para a Manutenção da Selic
Em nota oficial, o Copom justificou a decisão de manter a taxa Selic inalterada devido ao cenário global incerto e à resiliência da atividade econômica doméstica, acompanhada de uma elevação nas projeções de inflação. “O Comitê, unanimemente, optou por manter a taxa de juros inalterada, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela”, afirmou o comunicado.
A manutenção da Selic tem como principal objetivo consolidar o processo de desinflação em curso. O Copom reforçou que a política monetária deverá permanecer contracionista pelo tempo necessário para garantir a convergência da inflação à meta estabelecida. “A política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno da meta”, declarou o comitê.
Inflação e Projeções
A taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em junho, o IPCA registrou alta de 0,21%, inferior à taxa de 0,46% observada em maio. No acumulado do ano, o IPCA registra alta de 2,48%, enquanto nos últimos 12 meses, a inflação acumula 4,23%, acima dos 3,93% registrados nos 12 meses anteriores.
Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu uma meta de inflação de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. De acordo com o Relatório de Inflação divulgado em junho pelo Banco Central, a inflação projetada para 2024 é de 4%. O Boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras conduzida pelo Banco Central, estima que a inflação fechará o ano em 4,1%.
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