O objetivo do estudo foi medir a efetividade das vacinas de vírus inativado no “mundo real” e sua capacidade de proteger contra quadros graves ou de pneumonia causados pela Delta. Para isso, os cientistas monitoraram os dados de quase 11 mil pessoas na província de Guangdong, no sudeste da China, onde a vacinação em massa já havia começado quando surgiu um surto de novas infecções pela variante B.1.617.2, identificada originalmente na Índia.
As pessoas analisadas, todas acima dos 18 anos, foram divididas em três grupos: 5.888 (54,5%) que não receberam vacinas; 3.518 (32,54%) parcialmente vacinadas (uma dose); e 1.407 (13,01%) totalmente imunizadas (duas doses). Os dados são referentes aos quatro imunizantes de vírus inativado que são aplicados na China: as vacinas HB02 e WIV04, da Sinopharm; a BICV, da Biokangtai; e a Coronovac, da Sinovac (só esta última é aplicada no Brasil).
Dentre as amostras de pessoas parcialmente ou completamente vacinadas, a Coronovac correspondia à maioria das doses administradas (51,29% e 58,28%, respectivamente). Ao todo, o estudo analisou 102 casos de pneumonia causada pela variante delta: 85 em pessoas não vacinadas, 12 nas parcialmente vacinadas (uma dose) e 5 nas totalmente imunizadas (duas doses).
Entre aquelas parcialmente vacinadas, a eficácia foi de 1,4%, enquanto os que completaram o esquema vacinal (receberam as duas doses) apresentaram eficácia de 77,7%. No geral, o estudo afirma que “qualquer vacinação estava associada com a eficácia de 47,5% contra a pneumonia causada pela covid-19”, o que é a média entre as duas porcentagens.
Já em relação aos casos graves de covid-19 causados pela Delta, o estudo encontrou apenas 19 pacientes, todos não vacinados. Isso levou a um índice de 100% de eficácia das vacinas de vírus inativado, mas a amostra é pequena e é preciso aguardar mais estudos de análise para entender esse potencial de proteção.
De acordo com os pesquisadores, “os resultados encontrados provam que vacinas de vírus inativado serão eficazes mesmo quando a variante B.1.617.2 for prevalente [entre os casos]”.
Variante Delta
De acordo com o Instituto Butantan, São Paulo ainda tem predominância de 89,82% dos casos de infecção do coronavírus pela variante Gama (P.1, identificada inicialmente em Manaus). Em seguida, estão a P.1.2 (identificada no Rio), que corresponde a 4,22%; a Alfa (B.1.1.7, identificada no Reino Unido); e a Delta, responsável por 0,54% das amostras sequenciadas no Estado. Ao todo, o Brasil já tem 1.051 casos de infecção e 41 mortes pela variante delta, identificados em 14 Estados e no Distrito Federal.
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